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Rio de Janeiro, 19 de abril de 2024


Cultura

O que os estudantes da PUC-Rio estão lendo

Bruna Santamarina e Carolina Barbosa - Do Portal

16/09/2009

 Bruna Santamarina A décima quarta edição da Bienal Internacional do Livro começou na quinta-feira, 10, e vai até dia 20. Em sua última edição, em 2007, recebeu 645 mil pessoas, sendo 170 mil estudantes. Este ano, com um investimento de R$1,6 milhão, promete ainda mais. Aproveitando o evento, o Portal PUC-Rio Digital foi atrás dos estudantes, para descobrir quais títulos eles estão lendo. Segundo a professora da PUC-Rio Eliana Yunes, livros mexem com nossa imaginação e mudam nosso olhar sobre o mundo:

– Considero que a verdadeira leitura, aquela que nos constitui como sujeito, é a ficcional. São livros que lemos, relemos e levamos para a vida toda. Mesmo a leitura acadêmica, que aparelha e instrumenta nossa profissão, é influenciada pela leitura ficcional.

Christiane Machado, aluna do segundo período de Engenharia, terminou recentemente a leitura de A Cabana, de William P. Young. O livro é o segundo mais vendido deste semestre na Carga Nobre, localizada no campus da PUC-Rio. Já são dois milhões de exemplares vendidos em todo o mundo.

– Quando minha mãe leu, comentou comigo e fiquei interessada. O livro faz você parar para pensar sobre as coisas que acontecem na vida – explica Christiane.

Já Clara Rodrigues, aluna de Comunicação Social, se rendeu aos best-sellers de Stephenie Meyer. Os quatro livros que compõem a coleção da autora (Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse e Amanhecer) também estão entre os sete mais vendidos da livraria. O primeiro da série é o terceiro colocado do ranking, seguido de Amanhecer, o mais recente.

– Tive preconceito, no início. Relutei, pois até minha prima de 12 anos estava lendo a série. Durante as férias, quando estava no auge do meu tédio, imprimi o Crepúsculo e o devorei em apenas um dia. Agora, estou lendo Amanhecer e simplesmente não consigo parar. O jeito como a autora leva o amor entre o vampiro e a garota é impressionante – conta.

A paixão pelos best-sellers é comprovada pela professora de Comunicação Social Clarisse Fukelman. No primeiro dia de aula de todas as suas turmas, ela distribui uma ficha de perguntas. Entre elas, questiona os alunos sobre o último livro lido e qual sua avaliação a respeito dele.

– Há uma tendência à leitura de best-sellers ou de livros de ficção na universidade, que não é espontânea – observa.

Para ela, o resultado é decepcionante. Clarisse acredita que os alunos precisam criar uma nova relação com o tempo e não devem se submeter às narrativas repetitivas, como as de seriados americanos:

– Os estudantes abrem mão da literatura, bem como de exposições e peças de teatro, para aceitar com muita facilidade outras narrativas mais pobres e perversas. A solução seria uma abertura da literatura espontânea e uma mudança nas perspectivas de cultura dos alunos. Eles devem se questionar sobre o que querem para si próprios.

A professora ressaltou ainda a importância que a língua tem para a humanidade e destacou como essencial a prática que acompanha o homem há muitos séculos de contar e ouvir histórias para a construção de identidades particulares e coletivas. Clarisse participará de três mesas-redondas da Bienal. As duas primeiras acontecem no dia 17 e a última no dia 19.

– A literatura trabalha com uma ruptura da percepção óbvia e automática, estereotipada, do mundo. Deixar de tirar proveito disso é o mesmo que estar diante do mar e não mergulhar. É na literatura que a língua exerce sua forma mais criativa e diferenciada. E a língua é de complexidade única do ser humano.

Roman Gauteim é estudante de intercâmbio, vindo da Amhist University. Ele está aprendendo o português e escolheu o clássico Capitães de Areia, de Jorge Amado, para aprimorar o idioma:

– Todos recomendaram muito este livro. Eu queria ler para melhorar meu português. Escolhi o livro para tentar entender melhor a língua e estou gostando muito.

A leitura é passatempo para a estudante de Engenharia Michelle Dias. Porque os homens amam as mulheres poderosas, de Sherry Argov, foi o último livro que ela escolheu para os momentos de distração.

– Tenho que ler um livro sobre contabilidade para a faculdade. Mas os livros que escolhemos são aqueles ótimos para passar o tempo.

Entrar no mundo da leitura também agrada o estudante de Publicidade Thiago Piratininga. Ele está lendo O Rei do Inverno, de Bernard Cornwell, e dá sua opinião:

– É um relato fiel à verdadeira lenda do rei Arthur – avalia.