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Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2024


Cultura

Simone Weil: a filósofa das causas sociais

Carolina Barbosa e Luísa Sandes - Do Portal

03/09/2009

Luísa Sandes

Há cem anos, a filósofa e escritora francesa, Simone Weil, morreu com 34 anos ao fazer greve de fome para protestar contra as condições em que eram mantidos os prisioneiros de guerra em seu país. Engajada nas causas sociais do mundo, lutou na Guerra Civil Espanhola ao lado dos republicanos e trabalhou como operária da montadora de carros Renault para escrever sobre o cotidiano dentro das fábricas. No ano em que se comemora o centenário da escritora, o Instituto de Estudos Avançados em Humanidades (IEAHu), da PUC-Rio, promoveu um congresso em sua homenagem. Na terça, 1°, e na quarta, 2, deste mês, intelectuais deram palestras que relacionaram o fenômeno Simone Weil com outros aspectos da filosofia.

A iniciativa surgiu da parceria entre a decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH) Maria Clara Bingemer e a Fundação Getúlio Vargas.

- Simone Weil foi pioneira de importância fundamental para a atualidade, pois ela estava à frente do seu tempo, adiantava e antecipava críticas que vieram depois. Foi a filósofa mais importante do século XX. Outros pensadores têm mais prestígio, no entanto têm menos relevância e densidade do que ela – explicou.

A ex-professora da Universidade Federal da Paraíba Emília de Moraes introduziu por uma via distinta da usual o debate sobre Simone Weil e o pensador do século XVIII Jean-Jacques Rousseau. Em vez de relacionar o pensamento da filósofa com as teorias propostas pelo suíço a respeito do contrato social, a professora abordou o tema da palestra por intermédio da ligação entre categorias pedagógicas (como “necessidade”, “possível”, “impessoal”) e os princípios que a escritora adotou para si.

- A vida dela era pautada na consciência rigorosa e em uma inteligência luminosa e exigente consigo mesma. Ela resgatou o pensamento antigo, original e sabedorias tradicionais – contou.

A relação entre Simone e o fundador da fenomenologia, Edmund Husserl, foi o assunto da palestra da pesquisadora emérita do Centro Nacional de Pesquisa Científica, na França, Maria da Penha Villela-Petit. Aparentemente, a analogia entre os filósofos está implícita, já que não houve influência direta de um sobre o outro. A relação que se estabelece é de convergência. De acordo com a pesquisadora, Simone nunca leu a obra de Husserl, porém poderia tê-lo feito. Ambos encararam a possibilidade de renovação da sociedade. Fundador da filosofia moderna, o francês René Descartes foi de fundamental importância para os dois por tratar da origem do objeto da ciência.

 - O congresso é uma forma de lembrar uma pensadora importante que esteve comprometida com questões sociais a partir de um olhar filosófico – reforçou o Doutor em Filosofia e coordenador do IEAHu, Rossano Pecoraro.