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Rio de Janeiro, 4 de maio de 2024


Campus

Editor chefe do 'Extra': ironia é eficiente

Rafaella Mangione - Do Portal

28/08/2009

Lucas Landau

O jornalismo popular distanciou-se do sensacionalismo e adotou a irreverência como uma forma mais eficiente de chamar a atenção para problemas do cotidiano, avaliou o editor-chefe do jornal Extra, Otávio Guedes. Em palestra da Infoglobo na Mostra PUC, ele esclareceu os caminhos percorridos por este tipo de cobertura jornalística, desde o fictício justiceiro Mão Branca até o boneco João Buracão, transformado em símbolo de reivindicações populares. 

O jornalista analisou o panorama histórico do "jornalismo popular". Segundo ele, o estigma e o preconceito em torno desta variação na imprensa foram causados por "notíciais" sensacionalistas e até inventadas.

O Mão Branca foi um personagem criado na redação. Era um justiceiro assassino. Durante seis meses, todas as mortes ocorridas na Baixada Fluminense foram atribuídas a ele. Como o tinha uma forte aproximação com o público, virou um sucesso.

Para Guedes, o compromisso com o jornalismo só surgiu quando a geração de profissionais formados pelas universidades entrou nas redações:

 É uma parte do "jornalismo" que durante muito tempo foi cercada de mentira e sensacionalismo. Quando jornais adotaram um perfil mais profissional, isso começou a mudar. Um fato que coincidiu com a exigência do diploma. [A obrigatoriedade do diploma para exercício profissional foi extinta pelo Supremo Tribunal Federal neste ano].

O jornalismo popular, hoje, tem como centro das atenções o ser humano, destacou Otávio Guedes. Segundo ele, a principal diferença entre os jornais populares e os outros é a forma de abordar assuntos como política e economia.

– O uso de personagens é fundamental para que o leitor possa se identificar, e perceber como um fato importante atingirá seu cotidiano. Nossa função é contar histórias, e os personagens enriquecem as histórias.

De acordo com Guedes, a irreverência transformou em sucesso o personagem João Buracão (criado pelo borracheiro Irandir da Rocha e transformado pelo jornal Extra num emblema do cidadão em busca de soluções para problemas do dia a dia).  

Ele foi uma ferramenta usada pela população para dar visibilidade aos seus problemas. Este tipo de jornalismo divertido e irônico é mais eficaz.