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Rio de Janeiro, 7 de maio de 2024


País

Os caminhos do Brasil

Bianca Baptista, Bruna Santamarina, Carolina Barbosa, Suzane Lima e Yasmim Rosa - Do Portal

21/08/2009

Lucas Landau

No ano que antecede as eleições presidenciais, especialistas se reuniram para debater os Caminhos do Brasil, na PUC-Rio. Entre os dias 18 e 21, acadêmicos e profissionais de diversas áreas se encontraram no auditório Padre Anchieta. Em pauta, temas como educação, sociedade, sustentabilidade, política e economia. O encontro, organizado por estudantes, conta com o apoio do Diretório Central de Estudantes (DCE) e do Instituto de Relações Internacionais (IRI).

Por mais que todos tenham apontado os problemas do Brasil, pensar em soluções era o mais importante. Em seu discurso, o antropólogo e professor da PUC-Rio Roberto Da Matta afirmou ser preciso enfrentar o sistema de aparente democracia e não abrir mão da ética, da moral e da honra.

– Enquanto não mudarmos nossos atos, não teremos uma sociedade igualitária. Nunca fazemos um autoexame. Criticamos os outros, mas achamos que não devemos mudar.

O ex-ministro da Cultura Francisco Weffort concorda. Ele acredita que, mesmo o Estado tendo defeitos, a sociedade permanece apática.

– As pessoas não estão dispostas a lutar por mudanças. Elas acham que podem perder o que já conquistaram. É a famosa frase “você não vale nada, mas eu gosto de você” – referindo-se à música do grupo de forró Calcinha Preta.

Um dos caminhos para buscar a transformação social é a educação. O economista Marcelo Neri acredita que na próxima década se dará uma revolução educacional de qualidade. Segundo ele, o progresso no país só será possível quando toda a população brasileira tiver acesso a um bom nível de ensino.

– O que falta no Brasil, para crescer, é dar mercado de trabalho aos pobres e parar de dar pobres ao mercado – analisa.

O doutor em Economia pela Massachusetts Institute of Technology (MIT) e professor da PUC-Rio José Marcio Camargo ressaltou o papel fundamental das instituições de educação estatal.

– Nosso país tem realizado investimentos no campo físico, porque apresenta resultados a curto prazo. O fator humano deveria ser a principal preocupação. Mas, como na reestruturação que houve na Coreia do Sul, o retorno só viria daqui a 10 anos. Ao governo, só interessa o que vem rápido e pode ser creditado.

Para que o país tenha um sistema educacional de referência, é preciso investir no setor a partir da utilização de recursos do crescimento econômico. O ex-presidente do BNDES Carlos Lessa enxerga no setor energético um propulsor para essa mudança.

– Podemos usar o lucro do pré-sal para fazer esse investimento. É o produto do futuro e é o que fará a economia brasileira ganhar prestígio internacionalmente.

Ao menos no campo econômico a melhora já pode ser percebida. Pedro Malan, ministro da Fazenda entre 1994 e 2002, avaliou como boa a administração do atual governo, por manter as diretrizes da administração econômica do governo Fernando Henrique. A essa política ele creditou os últimos quinze anos de inflação controlada. Para o economista, liberdade individual, justiça social e eficiência operacional das máquinas privada e pública são peças-chave para o futuro desenvolvimento do país.

Mas não é só a falta de desenvolvimento que preocupa a sociedade. O futuro do planeta nunca foi tão discutido como nos dias atuais. O aquecimento global tornou a situação ambiental urgente e dramática. Segundo o economista e comentarista ambiental da CBN Sérgio Besserman, é hora de tomar decisões importantes e mudar o comportamento. Caso contrário, a “natureza vai se livrar da humanidade”. Ele explica que, ao agredir o meio ambiente, a população está fazendo mal a si mesma.

– Quando desmatamos, poluímos, degradamos, estamos acabando com a nossa vida, não da natureza. Ela tem seu próprio ritmo. De tempos em tempos, ela se adapta e volta com força total.

Ele diz ainda que, quando a situação se agravar, não haverá ciência e tecnologia suficientes para combater os impactos ambientais.

– O mundo como conhecemos hoje acabou. Só a população não se deu conta ainda. Tudo isto prova que o homo sapiens não é tão sapiens assim.