Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Cidade

Nova gripe derruba em 50% número de doações de sangue

Bianca Baptista, Bruna Smith e Clarissa Pains - Do Portal

17/08/2009

Gervásio Baptista/ABr

A quantidade de doações caiu pela metade no mês de julho, em relação à média registrada de 365 por dia no Rio - quantidade considerada básica para suprir as necessidades do SUS no estado, observa Manuela Azevedo, assessora de comunicação do Instituto Hemorio. A queda preocupante é um dos efeitos da gripe suína. Segundo Manuela, doadores estão evitando hospitais e postos de saúde por medo de contrair o vírus Influenza A ou de ficar com a imunidade prejudicada depois da doação. A enfermeira Neuzimar Carvalho, chefe da captação de doadores, assegura que esses medos são infundados:

- O local de doação fica separado das outras seções nas unidades hospitalares, o que impede o contato do voluntário com pessoas com doenças infectocontagiosas. Além disso, doar sangue não afeta a imunidade. - esclarece - Nós seguimos duas vertentes: a de proteção ao doador e a de segurança ao receptor. Então, antes do procedimento, o candidato passa por uma entrevista de triagem clínica, na qual podem ser detectadas condições prejudiciais tanto ao doador quanto ao receptor. Neste caso, a doação não acontece.

Carlos Alberto Reis, aluno do 4º período de Administração e funcionário da biblioteca da PUC-Rio, doa sangue a cada seis meses. Ele acredita que o volume de doações seria melhor se houvesse mais esclarecimento:

- Se as pessoas procurassem se informar um pouco mais, veriam que uma coisa [risco de contágio da nova gripe] não tem nada a ver com a outra [doação de sangue]. Deixar de ajudar a salvar vidas em função da gripe suína é uma falta de bom senso.

A redução de voluntários e a consequente queda no estoque dos bancos de sangue podem levar à suspensão de cirurgias eletivas, de caráter menos urgente; e até ao não-atendimento de pacientes que precisam de transfusão de sangue imediata, alerta Neuzimar.

O Hemorio acredita que a orientação especializada e o esclarecimento de dúvidas da população sejam os caminhos mais eficientes para aumentar a quantidade de doações. Para aqueles que desejam mais informações, o telefone do Disk Sangue é 0800-282-0708.

A equipe do Hemorio estará na quinta-feira, 20, das 9h às 14h, no Salão da Pastoral, na PUC-Rio, para colher doações. O doador deve ter entre 18 e 65 anos e pesar acima de 50kg. Grávidas, mulheres que estão amamentando, usuários de drogas e pessoas que têm ou tiveram contato com portadores de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) não podem doar. Não é preciso fazer jejum, basta evitar a ingestão de alimentos gordurosos nas quatro horas antecedentes à doação. É necessário apresentar documento de identidade original.


Shoppings e teatros cheios

Apesar da recomendação para evitar aglomeração em lugares fechados, a nova gripe não contaminou o movimento de shoppings, cinemas e teatros. A movimentação seguiu alta, impulsionada pelo prolongamento forçado das férias. De acordo com a gerente de Marketing do Shopping da Gávea, Renata Alves, a média de circulação de 350 mil pessoas foi mantida em julho e na primeira quinzena de agosto, mesmo com o temor de disseminação do vírus H1N1. Em alguns casos, houve até certo aumento, principalmente nas atividades ligadas ao lazer.

Em julho, o Botafogo Praia Shopping registrou um aumento de 10% no movimento de pessoas com relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a assessoria, os clientes entenderam que o shopping é um lugar de "circulação de pessoas e não de aglomeração".

Com três peças em cartaz, o Teatro Municipal Maria Clara Machado, na Gávea, registrou também uma alta procura por ingressos nas duas últimas semanas:

- A casa tem ficado lotada todos os dias. Não vejo impacto da nova gripe no comportamento das pessoas que vêm ao teatro. A demanda está até maior, muitos voltam para casa porque não conseguiram ingresso. - conta o técnico em cenário César Salles Silveira.

Edna Ferreira da Silva, bilheteira desde fevereiro deste ano, afirma que não tinha visto o teatro tão cheio:

- Os ingressos estão esgotando dias antes de cada espetáculo.

No Planetário da Gávea também não houve queda de movimento. Segundo o assessor de imprensa Leonardo Vicente, cerca de 600 crianças circularam pela Fundação diariamente em julho, mesma média do período normal de aulas.

- Programações especiais, como a Sessão da tarde e a colônia de férias, ajudaram a manter a média de público. Tivemos até que abrir um horário extra. 

Antes do início da colônia de férias, os pais assistiram a uma palestra da chefe de infectologia do Centro Municipal de Saúde Píndaro de Carvalho Rodrigues, Andrea Azeredo. Ela esclareceu pontos sobre a nova gripe. Os funcionários do Planetário foram instruídos para identificar os sintomas da gripe A, e conduzir os possíveis infectados a um hospital próximo.

Já para lojistas do Shopping da Gávea, houve diminuição de público infantil. Segundo a vendedora da loja de brinquedos Toyboy Jéssica Santos, os pais têm receio de trazer os filhos por conta da nova gripe.

- Fizemos até uma vitrine de promoções para atrair mais clientes, mas não adiantou.

Outros funcionários de negócios que dependem do fluxo de crianças também perceberam esta mudança.

- O movimento de adultos continua normal, mas o de crianças diminuiu. Por precaução, os pais não as trazem mais ao shopping com tanta frequência. - constata Luciane Greziak, gerente da Norwich Papelaria.

Especialistas afirmam que os pais precisam ter bom senso antes de sair com os filhos para lugares fechados, porém ressaltam que não há necessidade de trancar as crianças em casa.

Dentre os lugares que registraram queda no número de clientes, estão as academias de ginástica. Segundo Kelly Peixoto, gerente da Curves da Gávea, muitos alunos deixaram de ir por medo de contrair o vírus. Por isso, estabelecimentos adotaram medidas de precaução, como janelas sempre abertas e limpeza mais freqüente.

- Logo na entrada, disponibilizamos álcool em gel para as pessoas usarem. – exemplifica Kelly.