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Rio de Janeiro, 27 de julho de 2024


Mundo

EUA não querem fazer guerra na América Latina

Carolina Barbosa - Do Portal

13/08/2009

 Ricardo Stuckert/ ABr

O acordo que permite a instalação de sete bases militares norte-americanas (três da Força Aérea, duas da Marinha e duas do Exército) na Colômbia, com o objetivo de atuar no combate ao narcotráfico, tem causado preocupação em governantes de países vizinhos. O assunto esteve em pauta na reunião da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), na segunda-feira, 10, em Quito. O presidente venezuelano, Hugo Chavéz, chegou a dizer que o episódio causaria uma guerra no continente. Outros chefes de Estado fizeram questão de rechaçar a iminência de um conflito. A sugestão do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi convidar o líder americano, Barack Obama, para esclarecer os fatos. Uma reunião na Argentina deve ser agendada ainda este mês.

 

O cientista político e professor da PUC-Rio Ricardo Ismael atribui as declarações de Chávez a sua postura polítca anti-americana. Segundo ele, o venezuelano se opõe sempre às propostas dos Estados Unidos, embora seja um forte parceiro comercial.

 

Na PUC-Rio para ministrar a palestra O Governo Obama e a América Latina, o professor de Ciências Políticas da Universidade Estadual de Nova Iorque Bruce Miroff  afirmou não haver motivos para que latinos-americanos temam a presença norte-americana na Colômbia. Segundo o especialista, o acordo dá continuidade ao que já estava em andamento no Governo Bush.

 

- Não quero parecer um mero defensor do governo de meu país, mas não acredito que os Estados Unidos tenham algum interesse maior ao estabelecerem bases militares na América do Sul. Até entendo a  preocupação de vocês, afinal, no passado, houve muitas intervenções militares. Mas, da parte do Obama, não vejo esta intenção. Sua política não é baseada no belicismo. Ele é muito diplomático. Além disso, não há perspectiva de guerra na Ámerica Latina – garantiu.

 

Ricardo Ismael concordou com Miroff e disse que os Estados Unidos têm “problemas mais urgentes para resolver”, como a retirada das tropas do Iraque e a crise econômica.

 

- Não passa pela minha cabeça que Obama esteja pensando em fazer uma incursão na Amazônia, como teme o assessor (da Presidência para Assuntos Internacionais) Marco Aurélio Garcia.

 

Segundo o cientista político, a melhor solução para a Colômbia seria não precisar da ajuda dos norte-americanos para atuar no combate às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e ao narcotráfico. No entanto, ele entende ser “muito fácil opinar quando se está de fora da situação.”

 

- Só o Álvaro Uribe (presidente da Colômbia) sabe a real situação do país. Ele tem que combater as FARC todos os dias. Isto não é fácil. Além do mais, não está pedindo a opinião dos países vizinhos, apenas os comunicou sobre o acordo. E, inclusive, veio pessoalmente ao Brasil esclarecer o assunto para o presidente Lula.

 

Ele complementou afirmando que a parceria  favorece os dois países. A Colômbia passa a ter acesso a armas modernas, tecnologia, satélites, além de garantir verbas para o financiamento e modernização de suas bases, necessárias no combate às FARC. Os Estados Unidos, por sua vez, assentam base em território sul-americano.