Inspirada na força-tarefa do ex-prefeito de Nova Iorque Rudolph Giuliani, entre 1994 e 2002, o "Choque de Ordem" deflagrado pelo prefeito Eduardo Paes em janeiro deste ano também acumula aprovações, críticas, polêmica. Depois de cerca de 90 operações, só na Zona Sul, moradores da Gávea apoiam a iniciativa, mas ressalvam: o efeito de boa parte das ações é  passageiro. Cobram medidas sistemáticas para a resolver problemas como o aumento da população de rua.

Para Paulo Valente, morador do bairro, as operações diminuíram as invasões dos bares nas calçadas. Ele acredita, no entanto, que um "efeito duradouro" dependa de uma fiscalização contínua:

- Os mendigos continuam invadindo as ruas. Tem que haver uma fiscalização constante para que essas ações surtam o efeito desejado.

Já a aposentada Wanda Lacerda não constatou avanços significativos:

- Os mendigos continuam nas ruas, os buracos nas calçadas, a iluminação é ruim e os motoristas não respeitam o trânsito. A gente tem medo de andar nas ruas - reclama.

Eva Mendes, funcionária de uma oficina na Gávea, discorda. Ela considera as operações proveitosas no combate a irregularidades e na formação de um compromisso maior com a cidadania:

- As pessoas estão pensando mais na hora de infringir a lei. Não vejo mais tantas mesas e cadeiras de bares nas calçadas e a quantidade de mendigos diminuiu bastante.

Para o jornaleiro Tacílio Alves, não houve melhora "visível". Observa que, em alguns casos, como a retirada de camelôs das ruas, o choque de ordem deveria contar com "ações complementares", como mecanismos para estimular a oportunidade de emprego formal.

- O problema é estrutural, porque eles tiram o camelô, mas não dão oportunidade - argumenta.

A babá Verônica Jesus tem uma visão favorável das operações. Acredita que grande parte dos problemas combatidos pelo "choque de ordem" ainda aflige os moradores, mas enxerga progressos:

- Ainda temos muitos mendigos na praça, mas a situação está melhorando.

Segundo a Secretaria Especial de Ordem Públicerca, cerca de 80 bares foram vistoriados nos dois primeiros meses da operação, iniciada em janeiro. Em seis meses, 600 moradores de rua foram recolhidos e 13 supermercados, inspecionados. Seguindo a teoria da "janela quebrada", criada pelos criminologistas americanos James Wilson e George Kelling na metade da década de 1970, o secretário de Ordem Pública, Rodrigo Bethlem, pretende atacar os pequenos problemas para solucionar os maiores.