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Rio de Janeiro, 9 de outubro de 2024


Cultura

Harry Potter cresceu, com o público e a bilheteria

Lucas Landau - Do Portal

16/07/2009

 Divulgação

De sapato branco, calça caqui, blusa polo azul, Gabriel encontra o amigo Felipe. Cumprimenta-o um pouco sem jeito. Chegam Gabi, João Pedro e José Maurício. Os companheiros, todos com menos de um metro, concentram-se no saguão do cinema no Shopping Leblon, uma tarde chuvosa de 15 de julho. São crianças de 4 anos à espera de Harry Potter. “Só tem bebê nisso aqui”, supreende-se uma senhora. Os “bebês” dominam as sessões vespertinas da estreia mundial do novo filme da franquia inglesa. Quando a tarde avança, entram os adolescentes.

 

O primeiro filme da série foi lançado em 2001, essas crianças não eram nascidas e o protagonista Daniel Radcliffe tinha 11 anos. Hoje o ator que interpreta o bruxo (não mais bruxinho) em  Harry Potter e o Enigma do Príncipe tem 20 anos - com uma fortuna avaliada em 15 milhões de libras (R$ 48 milhões) - e seu personagem no penúltimo filme da saga tem 16. E, aos 16 anos, Harry dá seu segundo beijo. Flui o romance com Gina, interpretada pela atriz britânica Bonnie Wright, de 18 anos. Não passa de um simples beijo, mas para a estudante Laila Hawrylyshynde, de 15 anos, "já era hora".

 

- Finalmente eles se beijam! - comenta ela, ao ver o filme

 

Noutra passagem que indica o crescimento do bruxo, Harry é lembrado de fazer a barba. A cena marcou o estudante Rafael Conodit, de 18 anos:

 

- Assisti a todos os filmes, de certa maneira cresci com Harry. É natural que o personagem cresça também. - diz Rafael, com a barba feita.

 

Pai e filha comentam o filme no fim de sessão. O pai é sincero: “Não entendi nada”. A filha acha um absurdo e tenta explicar. O gerente do cinema Cícero Carlos explica:

 

- Harry Potter é diferente de qualquer outro filme. Não há um público específico, na verdade são seguidores, de idosos a crianças.

 

Até o jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, rendeu-se ao fenômetro: “é o melhor filme da série”; “estabelece uma divisão clara entre aqueles que trabalham pelo bem e os que fazem o mal”. Embalado pelo marketing, o sexto filme da série carrega a expectativa de ultrapassar os US$ 800 milhões de bilheteria. "Esse é o filme", anima-se o estudante Antonio Andreasi, de 14 anos.

 

Prevista inicialmente para novembro de 2008, a estreia de Harry Potter e o Enigma do Príncipe foi adiada por imposição dos produtores americanos. Pode ter sido uma boa estratégia: nas 12 primeiras horas em cartaz, o filme arrebatou U$ 22,2 milhões, batendo um recorde histórico, segundo a revista Variety.

 

Pouco antes de começar outra sessão no cinema do shopping Leblon, a luz da bomboniere apaga para o desespero de um grupo de meninas. “Como assim, como vou ver o filme sem pipoca?”,  reclama uma delas. O problema é solucionado e as meninas seguem satisfeitas com seus baldes de pipoca para assistir ao filme-pipoca. Tradição que dispensa magia. Harry Potter não é exceção. 

 

 Divulgação

 

Enquanto o blockbuster Harry Potter movimenta milhões e lidera o ranking dos mais assistidos, o Instituto Moreira Salles apresenta, de 18 de julho a 16 de agosto, a retrospectiva completa da obra do cineasta francês Jean Rouch (1917-2004). Considerado um “antropólogo-cineasta”, Rouch é um dos ícones do documentário moderno.

 

O cineasta Silvio Tendler, professor do departamento de Comunicação Social da PUC-Rio e ex-aluno de Rouch, é eloquente: o documentarista francês é fundamental na história do cinema. "Ele inovou e contribuiu para a formação de jovens cineastas", acrescenta Tendler. Ele não vê um antagonismo entre os filmes de Rouch e as bruxarias enlatadas de Potter:

 

- Os jovens devem ser contemporâneos deles mesmos. Filmes-pipoca geralmente fazem mais sucesso. Na década de 60, Rouch não era sensação. Não vejo antagonismo, é possível gostar de Harry Potter e assistir a Jean Rouch.

 

Miguel Pereira, também professor do curso de Cinema da PUC-Rio, discorda. Conta que só viu o primeiro filme da série. Não se sente atraído por Harry Potter. Considera literatura de segunda e filmes de qualidade duvidosa.

 

- Tem uma magiquinha boba que atrai os jovens. Filmes não são só efeitos especiais. Seria melhor que esses jovens estivessem lendo Monteiro Lobato em vez de se fantasiar para assistir a Harry Potter.

 

Os filmes da retrospectiva sobre Rouch serão exibidos em 16mm, formado original, e em cópias digitais. Alguns destaques são Eu, um negro (Moi, un noir, 1958), Jaguar (1954-67) e Petit à petit (1972). Também serão exibidos 14 filmes sobre o diretor. O Instituto Moreira Salles fica na Rua Marquês de São Vicente, 476, na Gávea. Os ingressos custam R$ 6 (R$ 3, meia) e há o passaporte de R$ 30 que dá direito a 12 entradas.

 

Veja a programação de julho:

 

18 DE JULHO

 

14h30 JEAN ROUCH 1: No país dos magos negros (Au pays des mages noirs. Níger, 1946-1947. 13’); Jean Rouch - o primeiro lme de Dominique Dubosc (Jean Rouch:premier film, França, 1991. 26’); Batalha no grande rio (Bataille sur le grand fleuve, Níger, 1951. 33’).

 

16h00 JEAN ROUCH 2: Os mágicos de Wanzerbé (Les magiciens de Wanzerbé, Níger, 1948 33’); Iniciação à dança dos possuídos (Initiation à la danse des possédés, Níger, 1948. 23’); Circuncisão (Circoncision, Mali, 1948. 14’); Cemitérios na falésia (Cimetière dans la falaise, Mali, 1950. 18’).

 

18h00 JEAN ROUCH 3: Eu, um negro (Moi, un noir, Costa do Marfim, 1957-1958. 73’).

 

20h00 JEAN ROUCH 4: Mammy Water (Gana, 1953-1956. 18’); Os mestres loucos (Les maîtres fous, Gana, 1954-1955. 28’); Baby Gana (Gana, 1957. 26’); Moro Naba (Burkina Faso, 1957. 28’).

 

 

19 DE JULHO

 

14h00 JEAN ROUCH 5: Jaguar (Níger - Gana, 1954-1967. 92’). 

 

16h00 JEAN ROUCH 6: Eu, um negro (Moi, un noir, Costa do Marfim, 1957-1958. 73’).

 

18h00 JEAN ROUCH 7: A pirâmide humana (La pyramide humaine, Costa do Marfim / França, 1959. 92’).

 

20h00: JEAN ROUCH 8: Crônica de um verão (Chronique d’un été, França, 1960. 90’).

 

 

21 DE JULHO

 

14h00 JEAN ROUCH 9: As viúvas de 15 anos (Les veuves de quinze ans, França, 1964. 24’); A punição (La punition, França, 1962. 58’); Gare du Nord (França, 1965. 20’).

 

16h00 JEAN ROUCH 10: Abidjan, porto de pesca (Abidjan, port de peche, Costa do Marfim, 1962. 24’); O coqueiro (Le cocotier, Costa do Marfim, 1962. 23’); A palmeira (Le palmier a huile, Costa do Marfim, 1963. 18’); O milho (Le mil, Níger, 1963. 28’); A África e a pesquisa científica (L’Afrique et la recherche scientifique, Costa do Marfim / Níger, 1963. 32’).

 

18h30 JEAN ROUCH 11: Senhor Albert, profeta (Monsieur Albert, prophete, Costa do Marfim, 1963. 26’); A Goumbé dos jovens festeiros (La goumbe des jeunes noceurs, Costa do Marfim, 1965. 30’).

 

20h00 JEAN ROUCH 12: Saída das noviças em Sakpata (Sortie des novices a Sakpata, Benin, 1959-1963. 17’); Baterias Dogon - elementos para um estudo de ritmos (Batteries Dogon - elements pour une étude de rythmes Mali, 1966. 26’); Porto Novo: Balé da corte das mulheres do Rei (Danse des reines à Porto Novo, Benin, 1969. 31’).

 

 

22 DE JULHO

 

14h00 JEAN ROUCH 13: Seca em Simiri (Secheresse a Simiri, Níger, 1974. 230’).  

 

18h30 JEAN ROUCH 14: Yenendi, os homens que fazem chover (Yenendi, les homme qui font la pluie, Níger, 1951. 29’); Yenendi de Boukoki (Níger, 1967-73. 8’); Yenendi de Ganghel – a aldeia fulminada (Yenendi de Ganghei: le village foudroyé, Níger, 1968. 35’).

 

20h00 JEAN ROUCH 15: Sigui 67 - A bigorna de Yougo (Sigui 67: L’enclume de Yougo, Mali, 1967. 38’); Sigui 68 - os dançarinos de Tyogou (Sigui 68: les danseurs de Tyogou, Mali, 1968. 26’); Sigui 69 - A caverna de Bongo (Sigui 69: La caverne de Bongo, Mali, 1969. 38’).

 

 

23 DE JULHO

 

14h00 JEAN ROUCH 16: Sigui 70 - Os clamores de Amani (Les clameurs d’Amani, Mali, 1970. 36’); Sigui 71 - A duna de Idyeli (La dune d’Idyeli, Mali, 1971. 54’).

 

16h00 JEAN ROUCH 17: Sigui 72 - As tangas de Yame (Sigui 72: Les pagnes de Yame, Mali, 1972. 50’); Sigui 73-74 - O abrigo da circuncisão (Sigui 73-74: L’auvent de la circonscision, Mali, 1974. 18’).

 

18h00 JEAN ROUCH 18: Daouda Sorko (Níger, 1967. 20’); Tourou e Bitti – os tambores de outrora (Tourou et Bitti: les tambours d’avant Níger, 1971. 10’); Tanda Singui (Níger, 1972. 30’); Dongo Hori (Níger, 1973. 20’).

 

20h00 JEAN ROUCH 19: Horendi (Níger, 1972. 72’).

 

 

24 DE JULHO

 

14h00 JEAN ROUCH 20: Sigui síntese (Sigui synthèse, Mali, 1981. 128’).

 

16h30 JEAN ROUCH 21: Pouco a pouco 1: África em Paris (Petit à petit 1: Afrique sur Seine, Níger / França, 1968-1972. 82’).

 

18h00 JEAN ROUCH 22: Pouco a pouco 2: cartas persas (Petit à petit 2: lettres persanes, Níger / França, 1968-1972. 77’).  

 

20h00 JEAN ROUCH 23: Pouco a pouco 3 : a imaginação no poder (Petit a petit 3: l’imagination au pouvoir, Níger / França, 1968-1972. 83’).

 

 

25 DE JULHO

 

14h00 JEAN ROUCH 24: Pouco a pouco - versão curta (Petit à petit, version courte, Níger / França, 1968-1972. 91’). 

 

16h00 JEAN ROUCH 25: O enterro do Hogon (L’enterrement du Hogon, Mali, 1973. 18’); O Dama de Ambara : encantar a morte (Le Dama d’Ambara - enchanter la mort, Mali, 1974-1980. 60’).

 

18h00 JEAN ROUCH 26: Dionisios (Dionysios, França, 1984. 104’).

 

20h00 JEAN ROUCH 27: Cocorico! Monsieur poulet (Níger, 1974. 97’).

 

 

26 DE JULHO 

 

14h00 JEAN ROUCH 28: Babatu, os três conselhos (Babatu, les trois conseils, Níger, 1975. 85’) 

 

16h00 JEAN ROUCH 29: A caça ao leão com arco (La chasse au lion à l’arc, Níger, 1958-1965 80’); Um leão chamado Americano (Un lion nommé americain, Níger, 1968. 20’).

 

18h00 JEAN ROUCH 30: Arquitetos de Ayorou (Architectes d’Ayorou, Níger, 1971. 30’); VW malandro (VW voyou, Níger, 1973. 19’) Pam kuso kar (briser les poteries de Pam (Níger, 1974) 12’  Ganga ( co-realizado com Inoussa Ousseini, Níger, 1975. 15’)  Medicinas e médicos (Medecines et medecins, Níger, 1976. 16’).

 

20h00 JEAN ROUCH 31: Funerais em Bongo: o velho Anaï 1848-1971 (Funerailles a Bongo: le viel Anaï, 1848-1971,Mali, 1972. 70’).

 

 

29 DE JULHO

 

14h00 JEAN ROUCH 32: Loucura ordinária de uma filha de Cham (Folie ordinaire d’une fille de cham, co-realização de Philippe Costantini França, 1987/ 79’).

16h00 JEAN ROUCH 33: Liberdade, igualdade, fraternidade e então... (Liberté, égalite, fraternité et puis après... França, 1990. 98’); Le Beau Navire (França 1990. 5’).

 

18h00 JEAN ROUCH 34: Ispahan - carta persa (a mesquita do Xá em Ispahan) (Ispahan: lettre persane - la mosquée du chah a Ispahan, Irã, 1977. 36’); Bateau-givre (Suécia, 1987. 35’).

 

20h00 JEAN ROUCH 35: Cinemáa (Holanda, 1980. 33’); Num aperto de mãos amigas (En une poignee de mains amies, Portugal, 1996-1997; 35’); Cartão do Museu Henri Langlois, Cinemateca Francesa (Faire part - Musee Henri Langlois, Cinémathèque Française, 8 juillet 1997, França, 1997. 55‘).

 

 

30 DE JULHO

 

14h00 JEAN ROUCH 36: Vestibular ou casamento (Bac ou mariage, Senegal, 1988. 70’).

 

16h00 JEAN ROUCH 37: Enigma (Itália, 1986. 91’).

 

18h00 JEAN ROUCH 38: Eu cansado em pé, eu deitado (Moi fatigué debout, moi couché, Níger, 1997. 85’).

 

 

31 DE JULHO

 

16h00 JEAN ROUCH 39: Damouré fala de Aids (Damouré parle du SIDA, Níger, 1992. 10’); O sonho mais forte que a morte (Le rêve plus fort que la mort, Níger, 2002. 88’).

 

20h00 JEAN ROUCH 40: Homenagem a Marcel Mauss: Taro Okamoto (Hommage a Marcel Mauss: Taro Okamoto, Japão, 1974. 16’); Homenagem a Marcel Mauss: Paul Levy (Hommagem a Marcel Mauss: Paul Levy, França, 1977. 20‘); Margaret Mead: retrato de uma amiga (Margaret Mead: portrait of a friend, USA, 1977. 35’).

 

Para programação completa e mais informações, acesse: www.ims.com.br