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Rio de Janeiro, 23 de abril de 2024


Cidade

Muros da discórdia

Luigi Ferrarese - Do Portal

19/06/2009

Assim que o Governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou a construção de eco-limites em torno de favelas, a polêmica se instaurou. Diversas entidades e personalidades mostraram-se fortemente contrárias à proposta. O escritor José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura, comparou o projeto aos muros de Berlim e da Palestina. Para debater o tema, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e os centros acadêmicos de Direito e de Serviço Social da PUC-Rio organizaram o encontro Muros da Discórdia: Segregação Social ou Eco-Limites?.

As principais críticas feitas no evento pelo deputado estadual Alessandro Molon, professor da PUC-Rio, por Lourenço César da Silva, do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré, pelo defensor público Alexandre Mendes e por Valério da Silva, da Fundação Bento Rubião, fizeram referência a um suposto caráter segregacionista do projeto.

– Ele pouco contribui para a questão ambiental. A conceituação do projeto fala em restringir o crescimento das favelas. Falar em meio-ambiente sensibiliza as pessoas, mas o muro é repressão – atacou Lourenço César.

Único representante do governo na mesa de debate, o engenheiro José Carlos Pinto dos Santos, diretor da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (EMOP), foi constantemente interpelado por convidados e plateia durante todo o debate.

– Não tenho muito a dizer. Sou apenas o técnico que executa as obras – afirmou.

Ainda assim, ele tentou justificar o projeto. Garantiu que grande parte da rejeição popular se deve à má propaganda feita sobre o programa, divulgado meramente como cercamento de favelas.

Segundo José Carlos, no planejamento elaborado para a Rocinha, por exemplo, dos R$ 21 milhões, apenas 10% serão destinados à construção do muro. O restante se refere a obras que incluem a pavimentação de ruas e a criação de um parque ecológico de dez hectares, com espaço infantil, quadra poliesportiva e áreas de ginástica.