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Rio de Janeiro, 27 de julho de 2024


Cultura

"Cinema e TV deviam parar de brigar", afirma Guel Arraes

Fernanda Ralile - Do Portal

12/11/2007

Estética: encontro entre TV e cinema nas minisséries da TV Globo *

Quem veio?

Guel Arraes, pernambucano, cineasta, diretor de TV.

Por que veio?

Palestrar no seminário “Estética: encontro entre TV e cinema nas minisséries da TV”. Guel falou sobre as diferenças dos elementos narrativos na literatura, no cinema e na TV, tendo como base “O Auto da Compadecida”, obra de Ariano Suassuna adaptada por ele para TV e, em seguida, para o cinema.

Onde foi?

Na PUC-Rio, 27 de março de 2007.

Melhores momentos

“Desde que a peça ficasse boa, valia tudo. Pois essa questão de fazer uma obra original é uma preocupação do século 19 para cá. Antes disso, todo Shakespeare, todo Molière, esses caras pegavam enredos e trechos de outras peças.”

“Eu acho importante para uma adaptação a mistura de irreverência com respeito à obra original, para que em algum momento você possa ser um pouco autor daquilo.”

“Cinema e TV são e não são a mesma coisa. Na verdade isso muda muito a partir da maneira como as pessoas vêem. Por exemplo, o especial e o filme “O Auto da Compadecida” são exatamente a mesma filmagem, a diferença é apenas de montagem. O curioso é que algumas pessoas vinham comentar sobre o filme dizendo que a versão do cinema era diferente, melhor.”

“Pra que você vai adaptar uma obra de Machado de Assis se você não se acha capaz de melhorar ou acrescentar alguma coisa? Então é melhor ler o que já está lá.”

“Essa discussão entre cinema e TV é, na verdade, uma briga. Quem é de cinema diz que as linguagens são diferentes e que a deles é mais sofisticada, e quem é de TV fala que televisão usa a linguagem do povo, enquanto o cinema se isola. Em vez de procurarem saber como os dois podem se reencontrar e colaborar mutuamente, eles se limitam a brigar.”

“A ficção tende a organizar melhor a vida real.”

“Eu acho Machado de Assis dificílimo de adaptar. Suas obras são muito psicológicas, há pouca trama em si e tem sempre uma reflexão implícita. A gente escolheu “O Alienista para adaptar porque tem um mínimo de enredo.”

“Essa idéia de que é bacana você fazer arte boa para poucos e arte ruim para muitos é uma idéia muito recente.”

Uma palavrinha a mais

- A TV tem mais responsabilidade social que o cinema?

- Eticamente as responsabilidades são iguais. Mas quantitativamente a TV tem maior responsabilidade, pelo fato de atingir todo mundo, camadas menos educadas. Na hora de produzir, você tem que estar pensando nessa responsabilidade. Por exemplo, você pode não ser católico, mas você falar num programa mal da religião católica, ou da evangélica, de maneira gratuita, no horário nobre, é uma agressão.

- O primeiro filme feito inteiramente pela Globo Filmes foi “O Auto da Compadecida”. Isso pesou em algum momento pra você?

- Não, porque eu decidi isso no meio do filme. Eu estava fazendo uma série para TV e no meio do processo eu imaginei montá-lo como filme, tomei algumas providências só para poder enxugar e cortar posteriormente. E aí uma vez a série pronta eu propus a possibilidade do filme e a Globo Filmes fez essa transposição.

* Acompanhe a seqüência do seminário “Estética: encontro entre TV e cinema nas minisséries da TV Globo”:

1 – Luís Erlanger.
2 – Luiz Fernando Carvalho.
3 – Luiz Gleiser.
4 – Geraldo Carneiro.
5 – Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira.
6 – Antônio Calmon.
7 – Daniel Filho.
8 – Guel Arraes.
9 – José Lavigne.
10 – Walcyr Carrasco.
11 – Sílvio de Abreu.
12 – Sérgio Marques.
13 – Glória Perez.
14 – Edson Pimentel.
15 – Maristela Veloso e Alexandre Ishikawa.
16 – Eduardo Figueira e Maurício Farias.
17 – José Tadeu e Celso Araújo.
18 – José Cláudio Ferreira e Keller da Veiga.
19 – Ariano Suassuna.
20 – Luiz Fernando Carvalho (e equipe).
21 – Betty Filipecki e Emília Duncan.
22 – Denise Garrido e Vavá Torres.
23 – Cláudio Sampaio e Alexandre Romano.
24 – Edna Palatinik e Cecília Castro.
25 – Roberto Barreira e Marcinho.
26 – Cadu Rodrigues.