Em 90% dos casos de crise empresarial, a melhor estratégia de gerenciamento é expor sua versão antes que o problema chegue à mídia. É igualmente importante que a empresa esteja capacitada para administrar sua imagem na relação com imprensa, governo, consumidor, acionistas. Passada a tempestade, devem ser feitas pesquisas de opinião e treinamentos para evitar novas turbulências. Este pequeno manual de sobrevivência a crises foi prescrito por Kiki Moretti, sócia-executiva da assessoria de imprensa e comunicação In Press Porter Novelli, na palestra Crises corporativas e consequente impacto na reputação das empresas, organizada pelo departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, no auditório 102K, na semana passada.

Um dos clientes de Kiki é a Petrobras (regiões Norte, Centro-Oeste e Minas Gerais), objeto de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado instalada nesta segunda-feira, 15 de junho. A empresa será investigada sobre supostas irregularidades constatadas pela Polícia Federal - em declarações de imposto de renda, contratos, licitações e repasses de royalties do petróleo. 

Parte das supostas irregularidades deriva de mudança contábel feita pela Petrobras, alega presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli. Ele afierma que a troca é legal, com base na  Medida Provisória (MP) 2.158, de 2001, que garante às empresas autonomia para escolher o regime de tributação em termos de variação cambial. Para Kiki, esta crise pode prejudicar a imagem da empresa, que deve tomar cuidado para não se tornar alvo de uma briga política.

– É mais um problema político entre PT e PSDB do que empresarial. Acredito que exista um plano para conter a crise. Não estamos fazendo a assessoria deste caso, mas o movimento do governo para blindar a Petrobras é evidente. A crise pode prejudicar a empresa, se ela deixar seu dia a dia ser contaminado pela política. A solução é continuar com a vida normalmente, responder às questões que surgirem de forma técnica, defendendo a empresa, sem se tornar alvo de brigas políticas  – ensina a especialista.