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Rio de Janeiro, 19 de abril de 2024


Cultura

Bem longe do País das Maravilhas

Luigi Ferrarese - Do Portal

03/06/2009

Divulgação/Priscilla Matsumoto

Em Alice, a síndrome, a personagem criada por Lewis Carroll vai muito além dos sonhos de uma menina. Ela está internada em um sanatório e suas alucinações são fruto de complexas psicopatologias. A peça fecha a programação do Festival de Teatro Cidade do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 4. Realizada pela Companhia Teatral Lexovense, tem como produtor o ex-aluno de Comunicação Social Matheus Vieira.

Quando subir ao palco do Teatro Princesa Isabel, o grupo estará participando do festival pela segunda vez. No ano passado, estiveram representados pela peça infantil Perseu e Andrômeda. A boa aceitação do público e o prêmio de Melhor Produção renderam uma temporada no mesmo local. Matheus espera poder repetir o sucesso com o novo espetáculo.

– Para um grupo que está começando, que não tem espaço no grande circuito, é super importante. A gente coloca o nosso material à disposição de uma comissão julgadora. Naquele dia, temos a oportunidade de ser vistos – acredita.

Neste ano, a Companhia optou por inscrever-se com uma peça adulta. O roteiro ficou mais uma vez a cargo de Priscilla Matsumoto.

– Eu abordo mais a questão filosófica. A minha Alice é louca, esquizofrênica. O grande medo dela é da morte. Ela tem medo de viver porque tem medo de morrer – explica a roteirista. 

Dentro da narrativa, Priscilla buscou trabalhar bem as personagens, que adquirem fortes significados simbólicos.

– Cada uma representa algo diferente para ela: o tempo, a sexualidade, a rotina. O tempo inteiro, esses seres, que são alegorias, encaminham Alice à rainha, que quer cortar a cabeça dela, é a representação da morte – teoriza.

Apesar do reconhecimento alcançado, o grupo é amador. A única exceção é a diretora Christina Rodrigues, que trabalha profissionalmente no teatro, também como atriz. Matheus, formado em Jornalismo em 2008, garante que uma atividade não anula a outra.

– Eu passei a faculdade inteira administrando as duas coisas – conta.

O teatro é mesmo encarado como uma atividade de lazer, ainda que com responsabilidade.

– Não temos vontade de colocar gente de fora, fazer testes, transformar em algo muito mercadológico. Aquilo é o nosso reduto, a nossa tribo – conclui.