Em andamento há mais de um ano, o projeto Café Teológico colocou em debate, nesta quarta-feira, 6, o tema Professores e Aluno: Mundos em Conflito?. Para falar sobre o assunto, o bate-papo contou com a presença, na PUC-Rio, da professora do Departamento de Educação Apparecida Mamede, a coordenadora de graduação do Departamento de Comunicação Social, Sandra Korman, e o diretor da iniciativa Educação Popular Fé e Alegria, padre Henrique Maeda, S.J. O encontro aconteceu no salão do Centro de Pastoral Anchieta.

Com o objetivo de mostrar o conflito de gerações, Apparecida falou sobre as questões contemporâneas que rodeiam os jovens, como os problemas e os valores desta geração. Para ela, é importante estudá-la para compreender o seu mundo, seus questionamentos.

- Se você explica quem é esse jovem, pode detectar se há conflito e medir esse abismo entre professores e alunos - afirma.

Para relembrar a discussão sobre a Síndrome de Burnout, Sandra, consultora da campanha Saúde do Professor, promovida pelo Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro, apresentou as causas desse elevado estado de estresse que atinge muitos profissionais da área. Ela mostrou de que forma isso pode influenciar na relação do educador com o aluno.

Segundo Sandra, a sensação de descartabilidade e a falta de garantias que o professor tem sobre o futuro são algumas das causas da Síndrome. Para ela, o educador é um agente de transformação envolvido no projeto de vida dos alunos, na ideia de futuro e no devir profissional.

- Nossos espelhamentos são feitos por esses encontros com os professores. Em alguns casos, isso é decisivo. Quando o professor adoece, a educação adoece e, com ela, a perspectiva de futuro - diz. 

Ainda de acordo com a coordenadora, o conflito que se imagina entre as duas partes tomou uma proporção exagerada.

- A mídia explora esse conflito, mas isso é uma forma superficial de ver a relação dos dois. Ao contrário do que se imagina, alunos e professores não pertencem a mundos diferentes - ressalta. 

O padre jesuíta Henrique Maeda acredita que essa relação dentro da universidade deve se distinguir pela proximidade entre alunos e professores, que é, segundo ele, o eixo da vida educativa. Para o teólogo, essa interação permite que as transformações educacionais aconteçam.

- Nós somos pessoas na medida em que nos relacionamos. O professor tem que fortalecer o crescimento do estudante se relacionando com ele, sendo próximo, não inimigo. Deve estimular o desenvolvimento dos talentos para que os alunos possam se constituir como indivíduos - conclui.