“É um sonho dele que a gente está conseguindo realizar.” Ele, no caso, é Pedro Gomes Ribeiro. A fala é de sua mãe, Lúcia. O ex-estudante de Comunicação Social da PUC faleceu em julho de 2007, na Bahia, em episódio ainda não esclarecido. Nesta quinta-feira, será lançada a segunda edição do romance A Família Aschred ou, como diz a mãe, “o livro do Pedro”. O evento acontecerá no Cacos, na Vila dos Diretórios, a partir das 20 horas. Alunos da Universidade terão 20% de desconto na compra do livro, apenas neste dia.

A narrativa é sobre uma família da Jordânia. Mas, como conta Lúcia, é muito mais do que isso:

- O livro do Pedro, se você me pedir, eu conto a história em uma linha. Porém, isso não é propriamente o livro do Pedro. O livro do Pedro é um certo olhar. É preciso ler e perceber o que está nas entrelinhas.

A primeira edição do romance, com ilustrações do cartunista André Dahmer, foi lançada em dezembro passado. Contudo, Lúcia achou que não tinha a cara de Pedro. Além do fato de que muitas pessoas não puderam comprá-lo na ocasião, pois a pequena tiragem se esgotou rapidamente. Ela resolveu, então, relançá-lo, com algumas alterações. 

- Eu acho que realmente agora o livro está saindo como o Pedro gostaria. É um livro bonito. É mais uma fábula do que um romance. E acho que é uma metáfora, existe uma história escondida por trás – afirma, com os olhos de quem tem orgulho do trabalho realizado.

Desde a escolha da imagem da capa até a revisão do texto, Lúcia participou de todas as decisões sobre a nova edição. O trabalho, realizado com muito suor desde fevereiro, pode ser apenas o primeiro. Lúcia não antecipa nada, mas abre uma fresta de porta para essa possibilidade:

– Ele tem um livro de poesia muito bonito, que eu teria que bater, registrar, fazer. E sei que tem gente interessada. Coloquei como condição publicar primeiro o romance, porque era isso que ele queria. Ele estava correndo atrás disso.

À epoca de seu falecimento, Pedro, com apenas 24 anos, já tinha escrito A Família Aschred. Batia de porta em porta, em busca de apoio. Enfrentava as dificuldades naturais de um autor novato. Era aluno de mestrado em Comunicação Social na PUC, onde construiu uma história. Foi presidente do Diretório Central de Estudantes, estagiou no Projeto Comunicar. Os irregulares caminhos de paralelepípedos da Vila dos Diretórios eram para ele uma linha reta. Como bem descreveu Lúcia, essa era “sua segunda casa”.

Por isso, ela fez questão de que o lançamento fosse realizado dentro da Universidade. Lúcia expressa a todo instante sua gratidão pelas diversas pessoas que a ajudaram a tornar real esse sonho. Perceber o carinho que tantos tinham por Pedro ameniza a mistura de sentimentos provocada pela perda:

– Isso tudo que fica dentro de mim, como uma dor, tenho que transformar em alegria. E acho que a alegria é dar esse presente a ele. É uma maneira bonita que tenho de tornar o Pedro eterno. Eu sinto ele vivo perto de mim.