Tiroteios, assaltos e sequestros estão sempre presentes no cotidiano dos cariocas. No fim do mês de março, conflitos entre policiais e traficantes na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, e na Rocinha, em São Conrado, deixaram cerca de 30 mortos e trouxeram à tona, mais uma vez, a questão da segurança pública.

Para a professora de sociologia Sarah Telles, o problema no Rio de Janeiro surgiu devido a uma política de segurança conivente com uma outra: a da corrupção.

-Nós passamos por uma sucessão de governos deste tipo. Mais recentemente, podemos citar os de Garotinho e Rosinha- ressaltou.

Segundo a professora do Departamento de Psicologia da PUC-Rio, Regina Jardim, há uma banalização do crime e da vida humana, o que gera consequências para as pessoas.

-Um estudo aponta que um grande número de pessoas apresenta algum transtorno pós-traumático. Pode ser insegurança, desvio do sono ou dificuldade de concentração.

Regina explicou que estas situações pós-traumáticas não se resumem só ao crime, mas a qualquer ocasião que envolva um alto nível de estresse.

Já Sarah Telles relembrou o início polêmico do governo de Sérgio Cabral. Segundo ela, o governador recebeu a fama de matar muita gente com as constantes operações policiais, nas grandes favelas. Devido às manifestações populares, o governador tornou sua política menos agressiva.

- Ocupação policial não foi, não é, nem nunca será a solução para reduzir a violência. A população tem um papel fundamental. Ela deve se informar e se fazer ouvir.

Sarah fez uma crítica à desvalorização da segurança pública, e disse que o problema só poderá ser solucionado quando os governos investirem e valorizarem a polícia.

- Temos uma política de estado que se beneficia da insegurança dos cidadãos. Enquanto todas as tecnologias existentes, hoje, para proteger as pessoas, como por exemplo, as câmeras de segurança, estiverem dando lucro e a maioria da população achar que isto é suficiente, nada vai mudar.