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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


Cultura

Filosofia para iniciantes

Luigi Ferrarese - Do Portal

27/04/2009

Luigi Ferrarese


Os filósofos – Clássicos da filosofia – volume 3, autor: Rossano Pecoraro

O coordenador executivo do Instituto de Estudos Avançados em Humanidades, do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio, Rossano Pecoraro, iniciou há dois anos e meio um audacioso plano: produzir uma coleção introdutória à filosofia ocidental. Para tocar seu projeto, reuniu renomados especialistas brasileiros para escreverem ensaios sobre os principais pensadores clássicos. O terceiro volume, Os filósofos – Clássicos da Filosofia. De Ortega y Gasset a Vattimo, foi lançado este ano, fechando um grande manual com os pontos mais importantes da obra dos autores. Uma sessão de autógrafos será realizada nesta segunda-feira, 27, a partir das 19 horas, na Livraria Timbre, no Shopping da Gávea.

Rossano, que é italiano, identifica uma lacuna no mercado literário nacional em relação a obras de teoria geral, não apenas no campo da filosofia. Ao fazer a comparação com o panorama europeu, considera haver um preconceito por parte dos brasileiros com relação aos manuais.

- Essa obra nasceu de uma exigência e de uma urgência. Eu diria uma urgência contextual, uma urgência do pensamento. É uma constatação de trabalho minha e de outros colegas devido à ausência de obras essenciais de base na literatura de língua portuguesa, não apenas no Brasil – explica.

A série, lançada pelas editoras PUC-Rio e Vozes, busca atender a um público de estudantes universitários de todas as áreas e pessoas cultas interessadas em iniciar-se no assunto. Para isso, era importante adequar a abordagem.

- A ideia foi escrever ensaios acessíveis, com uma linguagem clara, mas, ao mesmo tempo, sem abrir mão do necessário rigor filosófico. Há uma exigência de voltar a falar para o grande público, os estudantes, o leigo, para estimular esse pensamento crítico. Esse é um dos objetivos da coleção – conta.

Os volumes são organizados cronologicamente. O terceiro aborda os autores mais recentes, pensadores dos séculos XX e XXI. Comum às suas obras é o debate sobre um mundo em crise, “onde se navega sem bússolas”.

- Nós perdemos, por uma série de processos, históricos, filosóficos, conceituais, aquelas maiúsculas, aquelas grandes certezas que nortearam outrora o nosso agir. Não é um juízo de valor. Não estou dizendo que a nossa época, fragmentada, que foi definida como pós-moderna, com crise de valores, niilista, anárquica, seja melhor ou pior – analisa.

Para compreender a realidade em que nos encontramos, Rossano considera fundamental o conhecimento dos clássicos. São os grandes pensadores que fornecem base para a leitura do mundo à nossa volta.

- O livro deve ser uma ferida aberta, deve provocar o pensamento, a crítica. Ou seja, a importância da filosofia, das teorias, é despertar o pensamento, fazer com que tenhamos um incômodo, uma lucidez, não nos adequemos ao que nos é dado – afirma.

Não conformar-se com o status quo é uma qualidade útil a qualquer profissional. Ao estudante de Comunicação Social, primordial.

- Um bom jornalista não precisa ser filósofo para fazer o seu trabalho. Mas será que muitos conseguem criticar o que ouvem, irem além do que é passado oficialmente? Isso é algo fundamental para o jornalista e também para o filósofo – considera.