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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


Cultura

Bernardo Carvalho, um autor contemporâneo

Paula Araujo - Do Portal

16/04/2009

 Reprodução

Estar em um país estranho pela primeira vez não é tarefa fácil. Diante de língua, clima e cultura diferentes, é difícil estabelecer uma relação agradável e proveitosa. Essa foi a situação com que se deparou o escritor Bernardo Carvalho. Ele foi um dos 17 escritores enviados pela Companhia das Letras para diferentes cidades do mundo, integrando o projeto “Amores Expressos”. Dois anos depois da aventura, o autor lança o romance O Filho da Mãe, onde conta partes da história recente da Rússia. Conhecido por misturar realidade e ficção em suas obras, Bernardo Carvalho é considerado, aos 48 anos, um dos maiores escritores de sua geração.

A partir de São Petersburgo, cidade onde morou, o autor retrata uma Rússia brutal e preconceituosa. Embora o pano de fundo seja a Segunda Guerra da Chechênia, o foco é voltado às mães dos soldados. O sofrimento e o amor incondicional dessas mulheres servem como cenário de relativa paz em meio a um ambiente conturbado e complexo.

A questão da diferença cultural e do mistério é constante nos livros de Carvalho. Em Nove Noites, o autor mistura realidade e ficção, além de propor uma narrativa misteriosa. O desconhecido é revelado ao longo da história.

-Ele está sempre querendo discutir as relações entre a literatura e o real. Para isso, usa temas contemporâneos como globalização, despertencimento e mistura de culturas-, explica a professora do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio Giovanna Dealtry.

Ela comenta, também, porque já adotou Nove Noites em seu curso, “Comunicação e Literatura Brasileira”.

-Ele tem uma trajetória interessante e no livro consegue passar por questões contemporâneas, que são tratadas em sala de aula. Na obra, mostram-se as diversidades culturais e o modo como lidar com elas num mundo globalizado.

Acostumado a escrever romances que discutem a diferença entre literatura e narrativa, Carvalho chega ao seu décimo livro consolidando-se como um dos maiores escritores da contemporaneidade. Entre seus grandes sucessos estão Mongólia (2003), vencedor do prêmio APCA da Associação Paulista dos Críticos de Arte, O Sol se Põe em São Paulo (2007) e Nove Noites (2002), vencedor do Prêmio Portugal Telecom. O recém-lançado O Filho da Mãe é a primeira obra do autor em que o narrador é onisciente e não-identificado.

O jornalista, formado pela PUC-Rio, já foi editor do suplemento de ensaios Folhetim e correspondente da Folha de S. Paulo em Paris e em Nova Iorque. Seus livros foram traduzidos para mais de dez idiomas. Hoje, assina uma coluna quinzenal no caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo.