Projeto Comunicar
PUC-Rio

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Rio de Janeiro, 27 de julho de 2024


Cultura

Documentário mostrará a arte da dublagem

Luigi Ferrarese - Do Portal

16/04/2009

Divulgação

Em uma das ilhas de edição da PUC-Rio, três alunas do curso de Comunicação Social aproveitam o tempo entre aulas, estágio e outros compromissos para trabalhar em seu documentário. O pedido para entrevistá-las é recebido com certa preocupação. Não se trata de uma recusa, elas o aceitam prontamente. Apenas estão preocupadas em conciliar horários e não atrasar o andamento da pós-produção. Transformar o filme em realidade está em primeiro plano.

Ellen Ferreira, 20 anos, Fernanda Robusti, 22, e Livia Milagres, 20, pretendem levar às telas o cenário da indústria de dublagem carioca. Assim, ganham finalmente uma "cara" própria as vozes que dão vida aos famosos rostos das estrelas de Hollywood. Seus verdadeiros donos têm uma oportunidade rara de mostrar um pouco mais de seu trabalho.

- A gente descobriu que tem muito mais gente que se interessa pelo assunto do que sabíamos. Em geral, não se fala muito sobre dublagem. Quando se fala é porque ela é ruim, filme legendado é muito melhor. A gente descobriu que tem quem goste, muita gente que sabe do assunto – conta Livia.

As estudantes iniciaram seu projeto sem grandes pretensões. Na aula de Comunicação em Televisão, as alunas, que até então não se conheciam, juntaram-se para fazer uma pequena matéria de três minutos. A pauta foi decidida sem demora. O universo da dublagem, que Ellen conhecia de um curso que havia feito, agradou às outras no ato. A quantidade de material produzido surpreendeu e elas decidiram montar um documentário.

- Em 20 de março, fez um ano de gravação. Agora, estamos mais na parte grossa, que é a da montagem, edição, trilha sonora – explica Ellen.

Para levar adiante a ideia, as novas cineastas esbarraram em obstáculos muito maiores do que os enfrentados para fazer a matéria de três minutos. Encontrar informações sobre o assunto foi tarefa complicada.

- Não existe um livro sobre o tema. Até tem um, que um dublador escreveu, mas é sobre a dublagem paulista. A gente está fazendo o cenário carioca, porque não temos recursos para ir até lá – diz Ellen.

A inexperiência era dupla. Por isso, todas as três não apenas precisaram aprender sobre o assunto à medida que realizavam as entrevistas, como a própria missão de fazer um filme era inédita. Ellen afirma que o mais importante é o processo agora vivenciado:

- A gente está vivendo o momento e aprendendo. Eu sou de Jornalismo, a Livia é de Publicidade e a Fernanda, de Cinema.

 Para superar todas as dificuldades, é preciso muita dedicação. Mas só isso não basta, como reconhecem as três. O suporte que vêm tendo ao longo da produção do filme é fundamental.

- O mais difícil foi lidar com a falta de recursos. Fizemos sem patrocínio, foi por nossa conta, mas demos sorte, porque teve muito apoio. A PUC cedeu as câmeras, o tio da Fernanda, que tem uma produtora, também. A gente faz a edição nas ilhas da Universidade. Se tem alguma dúvida, perguntamos aos professores – atesta Livia.

Foram cerca de 40 entrevistas, com dezenas de perguntas. Tanto esforço já está sendo recompensado. No dia 3 de março, a empreitada mereceu uma matéria no Blog do Bonequinho, de O Globo. Fernanda se surpreendeu com a repercussão:

- Eu não esperava. Fiquei muito feliz, muito nervosa. As pessoas já estão falando, nem está pronto. Estava achando que fosse mais para quando estivesse finalizado. Isso até dá um estímulo. Já estamos fazendo há tanto tempo.

Mais ainda do que os elogios na mídia, impressionou o respeito que conquistaram de seus entrevistados. Gente como Herbert Richards – segundo Ellen, “ele existe de verdade, é um senhor de 85 anos muito fofo” – e outros dubladores de longa estrada.

- O filme só se fez porque eles foram muito receptivos. Qualquer coisa que precisássemos, regravavam, falavam, explicavam – lembra Livia.

Já na reta final, as universitárias ainda não sabem muito bem como será a reação ao filme. A ideia é lançá-lo em festivais. O mais importante, no entanto, é a sensação de um trabalho bem feito, à custa de muito suor. E o exemplo de que os estudantes podem dar vida a seus projetos, por mais ousados que pareçam.