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Rio de Janeiro, 19 de abril de 2024


Cultura

França e Brasil no Solar

Carolina Barbosa - Do Portal

03/03/2009

 Carolina Barbosa

Parte das comemorações pelo Ano da França no Brasil, exposição Rouge Brésil, no Solar Grandjean de Montigny, da PUC-Rio, imprime um olhar político, etnográfico e sociológico sobre a relação dos dois países. Com obras de Arjan Martins, Lia do Rio, Victor Arruda e Beatriz Luz, a mostra representa também um passeio por curiosidades. Em cartaz desde 5 de março, a mostra já recebeu 160 visitantes.

O trabalho intitulado Doze Banhos, de Beatriz Luz, por exemplo, representa as índias brasileiras que encantavam os franceses. Obrigadas pelos europeus a usar roupas, elas alegavam que tomavam 12 banhos por dia e, assim, as roupas eram um estorvo. Por isso, à noite, passeavam nuas e tomavam banho às escondidas.

Já Lia do Rio relacionou seu trabalho ao pau-brasil e ao poder simbólico do vermelho, estampado em um tapete. Segundo a artista plástica, a árvore era recolhida pela cor da pigmentação, não pela madeira. A cor dava um status superior a quem a usasse. A artista conta que levou quase duas décadas para concluir o projeto:

- Foram 18 anos desde a concepção até a montagem. Eu queria construir em uma sala intimista. Não podia ser um lugar muito grande. Tem toda uma preparação. Só para montar a árvore, levei uns dois meses e meio – explica.

Arjan Martins mergulhou na relação dos nativos com os franceses que chegaram ao Brasil. Expõe, em tela, madeira e até na parede, a fragmentação das estruturas anatômicas dialogando com a arquitetura.

Victor Arruda ficou intrigado ao saber que, em 2006, o então ministro do Interior Nicolas Sarkozy - atual presidente da França - declarara à imprensa que imigrantes e até mesmo franceses "das periferias" se comunicavam com 56 palavras. O expositor se pergunttou como alguém poderia falar com tão poucas palavras, e foi em busca de diversos profissionais brasileiros para descobrir quais eram os respectivas 56 vocábulos mais usados. Verbos como amar, comer, dormir e palavras como luz, cinema, noite, dia  acabaram pregados na parede com as fotos de seus "autores".

A diversidade das obras e as expressões originais cativaram o estudante de Administração, Gustavo Alves, que soube da mostra por um amigo estudante de História.

- Eu gostei muito da exposição. Tenho interesse na cultura francesa, principalmente nos aspectos relacionados à nossa cultura. É um belo trabalho – elogia.

Aberta de segunda à sexta-feira, das 10h às 17h30, a exposição se estende até o dia 3 de abril.