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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Cultura

Cineastas e estudantes debateram o peso do Oscar

Tatiana Carvalho - Do Portal

16/03/2009

 Reprodução

No Oscar deste ano, o modesto Quem Quer Ser Um Milionário? repetiu a façanha, por exemplo, de Marty (1955), produção de US$ 350 mil que arrebatou quatro Oscars (ator, diretor, filme, roteiro) e impulsionou a carreira do protagonista Ernest Borgnine. Quem Quer Ser Um Milionário? rendeu oito estatuetas, inclusive de melhor filme, e disparou os holofotes em Danny Boyle, à sombra desde Transpotting (1996). Outro diretor contemplado, Gus Van Sant pegou carona nos prêmios de melhor ator (Sean Penn) e melhor roteiro por Milk - A Voz da Igualdade. Homenageado pelo CinePUC Internacional de março (quatro de seus filmes serão exibidos às terças, a partir das 19h), Van Sant reacende o debate sobre a importância da premiação para a carreira dos cineastas.

O Oscar ajuda a aceitação pública dos filmes consagrados, mas nem sempre estica proporcionalmente a bilheteria, observou o professor Fernando Ferreira, coordenador geral e um dos criadores do Projeto Comunicar da PUC-Rio. Filmes como Crash – No Limite e Pequena Miss Sunshine não foram ajudados pela vitória na premiação, lembrou o especialista.

Em outros casos, premiações e exposições em filmes comerciais representam uma guinada profissional. Alice Braga, sobrinha de Sônia Braga, é a aposta de Ferreira. Ele acredita que, após atuar no filme Eu Sou a Lenda, ao lado do campeão de bilheterias Will Smith, a carreira da atriz irá deslanchar.

Para o cineasta e professor de Cinema da PUC-Rio Marcelo Taranto, o reconhecimento do cinema nacional em festivais internacionais - como a indicação de Fernando Meirelles ao Oscar de melhor diretor, por Cidade de Deus, em 2004 - eleva o status da indústria cinematográfica brasileira.

- O povo brasileiro e os alunos de cinema se sentem mais prestigiados. Indicações como esta mostram aos pais dos alunos o potencial da carreira que seus filhos escolheram - afirma Taranto.

A aluna de Comunicação Bárbara Galiza faz questão de ver todos os filmes que concorrem ao Oscar. Acredita, no entanto, que nem sempre os melhores filmes são indicados, pois a Academia tem uma “preferência” por películas épicas, baseadas em personagens reais ou sobre o holocausto.

- Não acho que o Oscar é uma grande referência para os alunos de cinema. Mas, com o tempo, pode servir para traçar uma perspectiva do reconhecimento de um filme. 

Pedro Ferreira, organizador do CinePUC, argumenta que é preciso um envolvimento maior, e não um acúmulo de prêmios,  para que um diretor se torne referência pessoal:

- É preciso se emocionar ao ver um filme, tem uma experiência extasiante, sentir-se modificado pela obra. Não importa se o diretor é famoso ou ganhou um prêmio, isso só indica que tipo de público ele pode agradar.

Ele explica a escolha de Gus Van Sant para o CinePUC:

- A indicação ao Oscar foi coincidência. Selecionamos filmes recentes porque foi quando ele (Van Sant)  encontrou questões estéticas relevantes.

Criado em 2005, quando os ex-alunos Fábio Andrade e Juliano Gomes resolveram desenvolver um espaço debater filmes, o CinePUC tem sessões são semanais. Em 2006, ganhou versão com filmes nacionais. Wong Kar Wai (Um Beijo Roubado), Robert Bresson (Quatro Noites de um Sonhador), Glauber Rocha (Deus e o Diabo na Terra do Sol) foram alguns dos diretores já homenageados.

Programação do CinePUC Internacional:

Terças-feira às 19h, na sala K102

17/03 – Elefante
24/03 – Last Days
31/03 – Paranoid Park

CinePUC Brasil (especial Humberto Mauro):

Quintas-feiras às 19h, na sala K102

12/03 - Brasa Dormida
19/03 - Sangue Mineiro
26/03 - Ganga Bruta