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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


Cidade

Choque de ordem gera confusão na Gávea

Bruna Santamarina e Tatiana Carvalho - Do Portal

05/03/2009

 Tatiana Carvalho

Na manhã desta quinta-feira, 5, o dono do botequim Espelunca Chic, Roberto Zaccaro, e moradores da Gávea se surpreenderam com três caminhões e uma retroescavadeira. Eles seriam usados para demolir o bar na Rua Marquês de São Vicente. O motivo era uma varanda que ocupava de forma irregular a calçada. Em meio a discussões, o choque de ordem foi acompanhado de tumulto por pedestres e motoristas. Enquanto Zaccaro lamentava a intervenção - segundo ele, as obras para regularizar o bar começariam na próxima segunda-feira, um engarrafamento se estendeu até o início da tarde.

Por conta da suposta irregularidade, o proprietário do bar já foi indiciado duas vezes, em janeiro de 2008 e em janeiro de 2009. Segundo Zaccaro, a multa soma R$ 1,8 milhão. O processo corre no Ministério Público pela 37ª Vara Civil, sob responsabilidade da juíza Ione Pernes.

Há dois anos, Roberto Zaccaro aluga o local que transformou “de um ponto de assalto em um ambiente familiar”. Ainda de acordo com o empresário, o bar consumiu investimento de R$ 60 mil e reúne 23 funcionários.

- Minha vida era isso aqui e a demoliram. Fiquei reunido com meu advogado ontem até as 18h e ele disse que eu poderia ficar tranquilo. O mérito da decisão ainda não fui julgado. Se eu ganhar, quem vai reconstruir meu estabelecimento? – indignou-se.

Esposa de Zaccaro e arquiteta responsável pelo projeto, Carmem Carvalho conta que não esperava que a demolição fosse na quinta-feira:

- Nenhum documento dizia que isto era ilegal, mas houve uma tentativa de argumentar, pois há vários estabelecimentos que invadem a calçada nesta mesma rua.

A decisão do Ministério Público dividiu moradores. Um deles, o ator Michel Bercovich, chegou a ser encaminhado para a 15ª Delegacia de Polícia (Gávea) ao desacatar um dos aproximadamente 30 guardas municipais que participavam da ação. Ele afirmou que a demolição do bar era uma “palhaçada”.

- Essa não pode ser a prioridade da Prefeitura. Temos outras questões, como trânsito e segurança, que precisam ser revistas – defendeu a professora Melissa Batista.

Parte dos que passavam pelo local se diziam favoráveis à demolição. Ana Luiza Gomes, moradora do bairro, acredita que, a partir de medidas como essa, a cidade pode progredir.

- Sou a favor da demolição. Se há regras, elas devem ser cumpridas. O Rio de Janeiro precisa de lei e ordem. Desta forma, inibiremos outros de fazerem o mesmo.