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Rio de Janeiro, 23 de abril de 2024


Cultura

No Rio, exposição homenageia Chico Mendes

Bruna Santamarina e Tatiana Carvalho - Do Portal

06/03/2009

No dia 22 de dezembro de 1988, o Brasil parou. Era a exibição do capítulo 191 da novela Vale Tudo e finalmente os quase 60 milhões de telespectadores descobririam quem matou Odete Roitman. Enquanto isso, em Xapuri, interior do Acre, um dos maiores defensores da Amazônia, Chico Mendes, era assassinado, aos 44 anos, com 18 perfurações no braço e 42 grãos de chumbo de uma espingarda de caça em seu peito direito. Para relembrar os 20 anos da morte do líder seringueiro, sua filha Elenira Mendes organizou a primeira grande exposição sobre o pai, no Museu do Meio Ambiente, no Jardim Botânico, em exibição até 15 de março. Depois do Rio de Janeiro, o evento rumará para São Paulo, Belo Horizonte, Nova Iorque e Londres. Seu encerramento ocorrerá em 22 de dezembro, no Acre.

Elenira tinha apenas quatro anos quando seu pai faleceu, mas sentia a tensão de seus últimos momentos de vida. Ele estava marcado para morrer. Em sua última entrevista, ao jornalista Edílson Martins, Chico disse que morreria em vão.

– Se descesse um anjo dos céus e me garantisse que minha morte iria fortalecer nossa luta, até que valeria a pena. Mas ato público e enterro numeroso não salvarão a Amazônia. Quero viver – completou, na época.

A mostra conta com 10 espaços temáticos, entre eles, Cores do Acre, com produtos da região, e Chico Seringueiro, com as ferramentas utilizadas no processo de extração da seiva que será transformada em borracha. Na sala Chico Família, os visitantes são convidados a entrar na casa recriada do sindicalista e contemplar objetos pessoais, como a roupa e a toalha que ele usava ao morrer, documentos, o livro de presença de seu velório, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e uma máquina de escrever Remington 15.

No espaço Chiquinho e sua turma, há uma brinquedoteca e exemplares do livro A História de Chiquinho disponíveis gratuitamente. Escrito por Ziraldo e lançado no primeiro dia da exposição, relembra a trajetória de Chico Mendes, que começou a trabalhar no extrativismo aos 11 anos e foi alfabetizado aos 18. Esse deve ser o primeiro exemplar da série, que busca conscientizar o público infantil.

– Chiquinho é a semente da história de Chico. Ele planta a ideia de que é possível mudar o mundo com pequenos gestos ecológicos, como economizar água. Por meio do livro, as crianças aprendem a localizar o Acre, descobrem quem foram os seringueiros e conhecem o Chico “herói” – avalia Alberto Bardawill, produtor executivo e criador da concepção artística da mostra.

Outra iniciativa voltada para crianças foi a criação da peça Empate que, por meio do encontro de dois seringueiros que tentam salvar a Floresta Amazônica de uma queimada, busca transmitir responsabilidade ecológica. A apresentação tem início na parte interna do Museu e termina nas dependências externas do Jardim Botânico.

A exposição conta com um ciclo de palestras com temática ambiental, cinemateca e recursos como vídeos, recortes de jornais, depoimentos e documentários, além de utilizar materiais reciclados e madeira para corte, que será replantada. Uma instalação da artista Ana Durães eete prêmios que Chico recebeu em vida, incluindo o único Prêmio Global 500 da Organização das Nações Unidas em Londres dado a um brasileiro, também compõem o acervo.

Chico sempre buscou proteger a Floresta Amazônica, ambiente em que morava e trabalhava, e a população local. Em 1988, denunciou ao chefe da Comissão de Verbas do Senado e ao Congresso americano que financiamentos de bancos internacionais aumentaram o desmatamento da região. Com a acusação, as obras que estavam destruindo a floresta foram suspensas e o ambientalista passou a ser perseguido por fazendeiros e políticos. Chico acreditava que não sobreviveria até o final daquele ano. Ele estava certo.

Em 1990, o fazendeiro Darly Alves e seu filho, Darci, apontados pela Justiça como mandante e autor da morte de Chico Mendes, foram condenados a 19 anos de prisão. Três anos depois, eles fugiram e só foram recapturados em 1996. No ano passado, a Justiça concedeu o direito de prisão domiciliar para Darly, que hoje tem 71 anos.


20 Anos Sem Chico Mendes

Local: Museu do Meio ambiente
Endereço: Rua Jardim Botânico 1008
Horário: de 3ª a domingo, das 10h às 17h. Até 15 de março
Preço: Entrada gratuita

Peça Empate

Local: Museu do Meio ambiente
Endereço: Rua Jardim Botânico 1008
Dias e horários: dias 1, 7, 8, 14 e 15 de março, às 17h
Duração: 40 minutos
Preço: Entrada gratuita. Os ingressos devem ser retirados com meia hora de antecedência

Ciclo de Palestras

- Jornalismo Ambiental;
- O Meio Ambiente no Audiovisual;
- Moda e ecologia;
- Consumo consciente;
- Atitudes coletivas diante do caos do Meio Ambiente.

Consulte a programação no site.

Cinemateca

Local: Museu do Meio Ambiente – 2º Piso – Jardim Botânico
Horário: Das 10 às 17 horas
Programação: Até 15 de março
Preço: Gratuito
Obs: O Museu não funciona às segundas.

- Terças
Chico Mendes – Eu Quero Viver (1989)
Direção: Adrian Cowell e Vicente Rios
Duração: 40 minutos
Sinopse: Com registros feitos entre 1985 e 1988, a equipe acompanhou Chico Mendes na organização dos seringueiros em defesa da floresta, no nascimento da Aliança dos Povos da Floresta e na luta pela demarcação das primeiras Reservas Extrativistas na Amazônia. Mostra, ainda, a trama armada para seu assassinato e as repercussões no Brasil e no mundo.
 
- Quartas
Chico Mendes – O preço da Floresta (2008)
Direção: Rodrigo Astiz
Duração: 45 minutos
Sinopse: Produção brasileira do canal Discovery Channel, o documentário reconta a história de Chico Mendes desde a infância em Xapuri, no Acre, até os dias de líder dos seringueiros em defesa da preservação da Amazônia.
 
- Quintas
Expedições - Uma Homenagem a Chico Mendes (2008)
Direção: Paula Saldanha e Roberto Werneck
Duração: 25 minutos
Sinopse: Produção da Rede Brasil, o documentário faz parte do programa Expedições, apresentado pela jornalista Paula Saldanha. Uma homenagem a Chico Mendes, por sua luta incansável em defesa da Floresta Amazônica e do povo da região.
 
- Sextas
O Sonho de Chico Mendes (1992)
Direção: Adrian Cowell e Vicente Rios
Duração: 25 minutos
Sinopse: Mais um documentário sobre o líder seringueiro feito pelo diretor e produtor inglês, formado no St. Catharine's College, em Cambridge, em parceria com o brasileiro Vicente Rios.