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Rio de Janeiro, 27 de abril de 2024


Cultura

Depois de séculos, a fantasia e o Carnaval continuam inseparáveis

Rafaella Mangione - Do Portal

19/02/2009

O carnaval surgiu no século XI como o período de exageros antecedido pelos quarenta dias de jejum, a Quaresma. Tudo começou como uma grande festa popular em que todos saiam às ruas vestindo fantasias simples para esconderem os rostos. Hoje, no século XXI, ainda existe este costume de brincar fantasiado, porém o luxo está cada vez mais presente em bailes, como o do Copacabana Palace e nas fantasias que passam pela Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, e no Anhembi, em São Paulo.

Aqui no Brasil, as fantasias se espelharam nos bailes venezianos trazidos pela França após a nossa independência de Portugal. Só os nobres freqüentavam esses bailes, famosos por sua decoração sofisticada, pelas fantasias de luxo e pela descontração. A partir desta época, começaram a surgir dois tipos de Carnaval, o  da nobreza, com todo luxo e glamour, e o popular, com brincadeiras de rua e "sujeira". Hoje, pode-se dizer que ainda é assim.

Os blocos de rua e os desfiles das escolas de samba fazem parte da antiga festa popular. Já os bailes reservados à classe alta representam os que eram destinados à nobreza. Cristina Soares, gerente geral da agência Ataulfo de Paiva da Caixa Econômica, foi ao baile do Copacabana Palace e diz que o luxo e a ostentação são imperdíveis, mas a sensação de brincar em um lugar fechado não é tão bom quanto na rua. “O carnaval de rua me dá uma sensação de bagunça, liberdade”, afirma.

A alegria, a criatividade e o amor das pessoas pela escola é o que mais encanta Cristina na Avenida. Ela já desfilou pela Caprichosos de Pilares, Império Serrano e este ano vai sair pela Grande Rio. “É um momento mágico de deslumbramento”, comenta.

Alice Cecina, frequentadora dos bailes de carnaval das décadas de 40 e 50, diz que as fantasias daquele tempo eram mais comportadas. Segundo ela, havia concurso de fantasia de luxo no Copacabana Palace, no Hotel Glória e no Municipal. “Quando fiz 18 anos meu pai me deu um convite para o baile de gala do Municipal”, diz. De acordo com ela, muita gente ficava na porta desses locais só admirando as fantasias. Alice também lembrou a época em que os desfiles das escolas de samba eram na Avenida Rio Branco. “Não era tão grande como hoje, mas já era muito bonito e não tinha toda essa competitividade”, afirma.

Vanessa de Andrade, atendente da loja de fantasia “Só Fantasias”, no Rio de Janeiro, diz que as mais vendidas este ano foram as de odalisca, marinheira sexy e chapeuzinho vermelho. Em São Paulo, no Casarão de Fantasias, a gerente Ana Luiza Garcia afirma que entre as crianças a favorita é a de High School Musical. Segundo ela, os jovens, se estiverem em forma, gostam de fantasias sem camisa como faraó e as moças micro roupas em paetê com muito acessório de cabeça. “Quando estão fora de forma, os homens partem para o humor com roupas de Amy Winehouse, Chaves e Chapolin. Já as mulheres optam por peças que cubram o corpo, deixando as pernas de fora, tais como grega e pirata”.

De acordo com Ana Luiza, as pessoas estão comprando menos este ano. “Elas gastam o mínimo possível. A média é de 60 reais”, diz. Segundo ela, para quem não se importa em gastar um pouquinho mais, as opções são a peruca de Amy Winehouse e os acessórios de Lady Kate, do programa televisivo Zorra Total. Já para quem quer economizar, os óculos, as perucas de tule, os chupetões, as matracas e colar de havaiano são opções mais baratas.