Carla Russo, Michelle Chevrand, Patricia Seraphico e Vanessa Aragão - Da sala de aula
21/01/2009Dois mil e treze promete ser um ano agitado. Doze meses antes da chegada do tão esperado 2014 – em que o Brasil será sede da Copa do Mundo –, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e a quinta edição do Rock in Rio, no país, vão movimentar milhares de pessoas além de lançar os holofotes da imprensa para o Rio de Janeiro. No esporte, a Copa das Confederações testará o retorno de Luiz Felipe Scolari à seleção canarinha. Vai ser preciso ter fôlego para o ano que começa com o vigor definitivo das novas regras de ortografia e, em outubro, a poesia de comemoração do centenário de Vinícius de Morais.
Dentre todos os eventos, a Jornada Mundial da Juventude promete ser, de acordo com o Papa Bento XVI, “o mais emocionante do ano”. Dois milhões de fieis deverão participar da 28° JMJ, que será realizada entre 23 e 28 de julho. A expectativa é grande em torno do encontro internacional de jovens católicos, que ocorre a cada dois ou três anos e teve a última edição em Madri, na Espanha.
A orla de Copacabana será palco de três – das cinco grandes cerimônias da jornada – a primeira é a acolhida aos jovens pelo Arcebispo Dom João Orani Tempesta, na terça-feira 23; a acolhida ao Papa está marcada para a quinta, 25; e a Via-Sacra, que será realizada na sexta-feira, 26. No fim de semana, os peregrinos vão ser levados para a Base Aérea de Santa Cruz, zona oeste do Rio. No sábado será a vez da Vigília com o Papa e, no domingo, 28, da celebração da Missa de Envio, que marca o encerramento da JMJ.
Jovens de 190 países são esperados para a jornada. O setor de hospedagem do encontro tem como meta abrigar um milhão e meio de peregrinos. Desde a abertura das inscrições para a hospedagem, no site da festividade, já foram cadastradas 165 mil vagas.
– Para hospedar um peregrino não é preciso muita coisa, basta o chão da casa e um banheiro. Não é necessário uma cama ou quarto porque eles trazem até o saco de dormir – conta Camila Bertime, que é voluntária do setor há seis meses.
Católico praticante há 14 anos, o jornalista Anderson Barreto, que foi a Espanha com amigos, em 2011, para participar da jornada, mal pode esperar “a hora de sentir na pele a mesma emoção de Madri”:
– Foi uma experiência incrível. Senti a grandiosidade de Deus na diversidade. Pessoas de línguas e culturas diferentes com um só propósito: celebrar a fé. Voltei outra pessoa, além de trazer na bagagem uma rica diversidade cultural.
Se para Barreto o ponto máximo do ano será a jornada, a estudante do 1° período de Relações Internacionais da PUC-Rio Daniela Dias terá que aguardar até setembro para a abertura dos portões da Cidade do Rock. A quinta edição do festival, de 13 a 23 de setembro, vai ter um público de aproximadamente 85 mil pessoas por dia – 15 mil a menos que em 2011 –. Nove atrações já estão confirmadas, dentre elas as bandas de rock Iron Maiden e Metallica. Mas, é o cantor Bruce Springsteen o responsável pela ansiedade de Daniela. A fã espera a chegada de abril de 2013 para colocar as mãos em seu ingresso, já que não conseguiu ser um dos 80 mil compradores do Rock in Rio Card. Os bilhetes se esgotam 52 minutos depois da abertura da pré-venda, às 0h01 de 30 de outubro.
– Assim que o site liberou eu fiquei tentando comprar, mas na hora da confirmação avisava que tinha dado erro. Eu fazia todo o processo de novo até aparecer que estava esgotado. Como assim esgotado? Foi muito frustrante – lamenta Daniela, que tentou efetuar a compra sem sucesso pelo computador e por um tablet.
Bem antes de setembro, o Rock in Rio ganhará a Marques de Sapucaí com o desfile da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel. O rock não será o único ritmo dar o tom na passarela do samba no próximo Carnaval, a MPB e a poesia de Vinícius de Moraes, tema da União da Ilha do Governador, também estarão presentes. As comemorações do centenário do autor de samba da Benção, do Café, da Rosa - dentre outros tantos - marcarão o ano de 2013.
O Centenário de Vinícius trará uma série de eventos em homenagem ao poetinha, dentre eles o espetáculo infantil Arca de Noé, uma exposição que percorrerá o país, lançamento de caixa de discos e, como não poderia deixar de ser, shows. O primeiro deles, batizado de Como já dizia o poeta, com a participação do Quarteto em Cy – parceiro de Vinícius, que nomeou o grupo junto com Carlos Lyra, irmão das quatro cantoras –, Wanda Sá e da filha do poeta Geogiana Moraes, já foi realizado na abertura das comemorações, em outubro, no Memorial da América Latina, em São Paulo.
Para além da poesia de Vinícius, a Língua Portuguesa, a partir de janeiro, estará – em definitivo – sob a regência do novo acordo ortográfico. O subeditor da Editora PUC e professor do departamento de Comunicação, Felipe Gomberg, considera que boa parte dos brasileiros já está acostumada com as novas regras porque a alteração foi feita “em parâmetros convincentes e sem grandes mudanças”. A dica do professor, por se tratar de ortografia, é estudar e apelar para os manuais em caso de dúvidas. Ele acredita que os brasileiros, embora reticentes, sofrem menos com a mudança que os portugueses, que são “mais cuidadosos em relação a estrangeirismos no idioma”.
– As regras são simples, mas ainda há pessoas que não se adaptaram porque se acostumaram a escrever de um jeito. Os mais velhos colocam acento circunflexo em “esse” até hoje – pondera Gomberg, que dá aula de Técnicas de Redação.
O período de transição, entre 2009 e 2012, em que palavras como “ideia” puderam ser escritas com ou sem acento, de acordo com o do professor, foram suficientes para o ajuste no mercado editorial, que deve “levar em consideração as mudanças no idioma estando preparado ou não”:
– O mercado sofre a influência da necessidade de adaptação da língua. As editoras, inclusive a nossa, seguiram a linha de revisar e alterar o conteúdo dos livros à medida que as novas edições eram feitas.
No país do futebol, a “frase hit” de 2012, “imagina na Copa” ganhará concretude com o primeiro teste para a infraestrutura antes do Mundial do Brasil e para a volta de Felipão ao cargo de técnico da seleção: a nona Copa das Confederações. Entre 15 e 30 de junho, o país-sede – Brasil –, os seis campeões continentais – Japão, México, Uruguai, Taiti e o representante africano, que será conhecido em fevereiro –, o campeão do Mundial 2010 – Espanha – e o vice-campeão europeu – a Itália, já que a Espanha, vencedora da Uefa Euro 2012 já estava classificada por ter vencido o mundial na África do Sul.
Com a chegada do ano novo, o tempo começa a pressionar a organização do preparatório para Copa. Apenas os estádios de Fortaleza e de Belo Horizonte estão prontos para receber os jogos. Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Brasília estão a todo vapor para dar conta da tarefa de entregar as arenas até 15 de abril.
– Acho que teremos problemas para a Copa das Confederações. Imaginar que estará tudo 100% é surreal. Os problemas servirão justamente para corrigi-los para o Mundial – supõe Paulo Calçade, comentarista da ESPN.
Para além do teste no quesito estrutura e organização, a seleção também estará na berlinda. O retorno de Luiz Felipe Scolari ao time verde-amarelo, depois do penta, na Copa da Coreia e do Japão, em 2002, tem gerado dúvidas e expectativas que podem se encerrar na disputa. Para Calçade, a “cara do time de Felipão ainda é uma incógnita”:
– É difícil prever do Felipão e o seu comportamento. Assim como não dá para dizer se a mudança vai ser um retrocesso ou um sucesso. Só na hora e nos amistosos, que vão preceder a Copa das Confederações teremos algumas pistas sobre a direção do novo técnico.