Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 23 de abril de 2024


Cultura

Raízes indígenas preservadas em livro sobre catimbó

Paula Giolito - Do Portal

06/01/2009

 Paula Giolito

Batuque de tambores, danças e cantos foram ouvidos por quem passava pelos pilotis em frente ao Auditório Anchieta na tarde de 15 de dezembro. Com o animado clima da “gira” de catimbó, era lançado “Nos caminhos da Jurema Preta – Zé Pilintra e seus Falangeiros” (Editora Pajú, 208 páginas), livro de estreia da yalorixá Abigail Kanabogy.

O lançamento da obra na PUC-Rio teve apoio do Nirema, Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente, que realizou, no ano passado, o mapeamento das casas de matrizes de religião africana do Rio de Janeiro. Os festejos marcaram não só a publicção do livro sobre o movimento religioso, mas, principalmente, um diálogo inter-religioso que a universidade busca promover. “Em um momento de intolerância religiosa, é importante uma instituição católica acolher movimentos de outras religiões e respeitar a diversidade cultural”, ressaltou Sônia Giacomini, coordenadora do núcleo. “O encontro inter-religioso vai render frutos. Quando estes universos trabalham juntos, os frutos são muito mais fortes”, concluiu.

Mas o que é catimbó? O movimento que significa “fogo na mata” surgiu nas tribos indígenas brasileiras, e representa uma abertura inter-religiosa. Os rituais reúnem o xamanismo, a magia européia e o misticismo referente ai catolicismo. Presente em todo o território brasileiro, a religião se difundiu inicialmente no Norte e Nordeste do país, regiões em que a árvore da Jurema floresce. Do tronco e das raízes da Jurema, os seguidores retiram a bebida sagrada, que alimenta e permite o contato entre os juremeiros e os mestres espirituais.

 O livro é resultado de mais de 50 anos de pesquisa sobre o catimbó, seus mestres e características. Durante o período de estudo, Abigail Kanabogy conviveu com as tribos das regiões específicas e ampliou seus conhecimentos sobre o assunto. Aos 73 anos, ela é a maior autoridade do movimento. Na Casa da Justiça Divina, em Campo Grande, são realizados os cultos, onde se difundem e ampliam os conhecimentos espirituais.

Acompanham o livro dois CDs com 31 cantigas de catimbó. “Este foi só o primeiro. Quero lançar mais dois trabalhos sobre o culto”, empolga-se Kanabogy, que pretende traduzir a obra para o inglês, francês e espanhol.