Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Campus

Jornalismo com tempero de documentário

Gustavo Coelho - Do Portal

09/01/2009

No ar há 35 anos, o Globo Repórter equilibra a abordagem jornalística com uma estética de documentário. Trabalho de garimpo, explicou a editora-chefe do programa, Silvia Sayão, em palestra do curso de telejornalismo do Globo Universidade, parceria com a PUC-Rio. Para garantir a riqueza de imagens e informações, os repórteres cinematográficos recebem a recomendação de nunca desligar a câmera.

– Nosso maior desafio é transformar 40 horas de gravação em 40 minutos de programa. Vamos direto ao essencial – observou a jornalista, ligada ao programa desde 1986 – Na construção da matéria, precisamos analisar o que gravamos. Às vezes, só percebemos detalhes na edição. No fim, é sempre um trabalho muito prazeroso.

O Globo Repórter reúne uma equipe fixa de 30 profissionais, que produzem de sete a oito programas ao mesmo tempo. Com vasta experiência, os editores têm dedicação exclusiva.

Os programas de maior sucesso, contou Silvia, são os que revelam curiosidades, no estilo “o Brasil que o Brasil não conhece”. Embora tenha uma face alusiva ao documentário, o Globo Repórter honra a origem jornalística, esclareceu ela:

– Nossa ênfase é jornalística. Não fazemos muitas matérias investigativas, porque este tipo de abordagem é mais apropriada para o Jornal Nacional ou o Fantástico. O principal critério para a escolha do tema é a abrangência.

Os repórteres que fazem o Globo Repórter são “importados” da Central Globo de Jornalismo, de acordo com o perfil do tema desenvolvido. Eles próprios podem propor reportagens.

Por ser exibido há décadas, o Globo Repórter precisa sempre buscar formas de inovar e conquistar o público. Silvia explicou alguns ingredientes para prender a atenção do telespectador:

– Os personagens criam uma identificação com o público. Todos os programas precisam ter uma dose de ousadia, de algo novo, que fique claro para o público.

Quatro perguntas para Silvia Sayão

- Os profissionais do Globo Repórter fazem os programas pensando na audiência?

- Queremos, é claro, audiência. Mas ganhamos público porque passamos informações importantes, às quais muitos não têm acesso. A classe C representa mais de um terço da nossa audiência.

- Como nascem os temas desenvolvidos no programa?

- Muitos partem de sugestões de repórteres, funcionários em geral e de espectadores. Não desenvolvemos temas que não interessam à maior parte da população.

- O que é fundamental para conquistar o público?

- Temos que conquistar nosso público pela qualidade da informação. Adaptar a linguagem para que todos entendam

- Em quanto tempo um programa é produzido?

- Levamos, em média, duas semanas de produção, três de gravação e mais três de edição.