Um profissional indemissível. Um contrato que assegura que todo o conteúdo do seu trabalho não pode ser alvo de críticas de um superior. Um contratado que não responde a ninguém. “Mas é claro que se me pegarem cheirando cocaína fica difícil”. Brincadeiras à parte, o professor de telejornalismo da PUC-Rio, Ernesto Rodrigues, falou ao Portal PUC-Rio Digital sobre sua função de ombudsman dentro da TV Cultura, cargo que assumiu esse ano.
– Ombudsman é uma expressão sueca que significa “o ouvidor do povo” – explica Ernesto – na sua origem é uma figura política que tem como fim defender os interesses do contribuinte.
O conceito pegou e foi ampliado; saiu do quadro político e chegou às empresas e aos veículos de comunicação. A idéia continua sendo a mesma: “ocupar” o lugar do consumidor para tentar aumentar a qualidade do que está sendo fornecido. No caso do jornalismo, a informação.
- Meu dia-a-dia é basicamente assistir a toda a programação do canal. Tenho um site onde comento e critico abertamente os programas. Além disso, faço críticas técnicas internas. Para que dê certo, preciso ter total independência, por isso, não tem como ser demitido do ponto de vista do conteúdo do meu trabalho – conta Ernesto.
A responsabilidade de analisar o trabalho alheio é sua principal preocupação, pois ele acredita que isso significa quebrar uma estrutura arrogante.
– Jornalista não gosta de ver seu trabalho criticado. É só olhar para os espaços nos jornais dedicados aos erros, é muito pequeno. Dá a falsa impressão de que jornalista não erra, o que é um absurdo. O que menos gostamos de olhar são os problemas de ontem, daí a importância do ombudsman – analisa Ernesto.
A função está se tornando mais popular nos veículos de comunicação. Na grande mídia internacional é muito comum que profissionais com bastante experiência assumam o cargo, a fim de zelar pela boa informação. No Brasil, a figura do ombudsman só está presente em alguns veículos mais importantes. Quanto às mídias menores, Ernesto se mostra pessimista.
– Uma determinada mídia depende de capital para funcionar, isso significa que há sempre interesses envolvidos. Em cidades menores, o que é publicado é muito influenciado por esses interesses. Já a grande mídia busca vender credibilidade. Quanto mais o jornal viver da credibilidade da sua informação, mais vai precisar do ombudsman. O melhor jornalismo que se pode fazer é a credibilidade. O ombudsman é uma conseqüência da maioridade da imprensa – afirma Ernesto.
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