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Rio de Janeiro, 24 de abril de 2024


Cultura

Intercâmbio cultural amplia redes de estudo

Artur Romeu, Bruna Santamarina e Tatiana Carvalho - Do Portal

04/03/2009

É por meio da troca de conhecimento que o projeto de intercâmbio cultural, idealizado pelo professor de engenharia da PUC-Rio, Madiagne Diallo, pretende seguir o caminho inverso ao do tráfico de escravos. A cooperação internacional entre universidades dos Estados Unidos, Brasil e Senegal tem como objetivo criar uma rede de estudos da cultura africana, assim como promover o maior diálogo entre afro descendentes no exterior e seus países de origem.

– Os EUA possuem grandes centros de altos estudos sobre a África. Recebemos, na PUC-Rio, em julho de 2008, o grupo de Programa de Estudos sobre América Latina e Caribe da Universidade Morgan-State – contou Madiagne.

A Conferência Brasil-África: Diáspora e Desenvolvimento Sustentável, que acontecerá em abril, reunirá universidades do Brasil e do Senegal. Nas palestras e debates, será discutida a maior integração entre grupos de pesquisa e desenvolvimento de africanos no Brasil e os estudos realizados em seus países de origem.

As oportunidades de intercâmbio devem surgir este ano. Em dezembro, o Brasil será convidado de honra da terceira edição do Festival Mundial das Artes Negras (FESMAN III), que acontecerá no Senegal. A previsão é de que haja estudantes e funcionários da PUC-Rio participando da construção de um centro de estudos e pesquisa da cultura negra.

A chefe de serviços consulares do Senegal no Brasil, Nafissatou Ba Fall, afirmou que existem problemas de suporte técnico que dificultam a cooperação acadêmica entre os países.

– A duração do curso, no Senegal, é maior do que no Brasil. Ao terminar os estudos aqui, o profissional de origem africana encontra dificuldades na equivalência de diplomas. Ao voltar para seu país, fica desestimulado por não pode ingressar imediatamente no mercado de trabalho.

Madiagne falou ainda dos objetivos não-imediatos do projeto. Com o intercâmbio de professores, pesquisadores e estudantes entre as universidades, o produto final será a excelência dos estudos da cultura africana.

- Meu objetivo é fazer do Nirema (Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente) um centro de excelência. Quero também tornar possível a criação de um centro de memória da imigração africana no Rio de Janeiro e de uma biblioteca com um grande acervo de documentos.

Estudante de Comunicação, Marina Galvão trabalha no Unicom (Universidade e Comunidade), um projeto social da PUC-Rio que oferece suporte a alunos interessados em dar aulas de alfabetização e inglês em comunidades carentes. Ela conta que teve dificuldades para encontrar intercâmbio na África.

- Acho a iniciativa muito bacana, pois simboliza mais uma porta que se abre para uma experiência realmente diferente. É uma oportunidade de aprender sobre um mundo que tendemos a rebaixar por ignorância, por considerá-lo menos desenvolvido.

O Nirema é uma unidade da PUC-Rio vinculada aos Departamentos de História, Serviço Social e Sociologia e Política. Ele atua como um centro de pesquisa e documentação da cultura afro descendente brasileira.