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Rio de Janeiro, 19 de abril de 2024


Campus

Cinegrafista precisa cultivar um 'apetite visual'

Gustavo Coelho - Do Portal

19/11/2008

Reportagem é uma sofisticada operação de logística que inclui profissionais de várias áreas. Do repórter ao motociclista que leva a fita até a redação, é preciso uma equipe entrosada e capaz de realizar o trabalho com agilidade e eficiência. Nada disso seria possível sem o esforço, nem sempre reconhecido, daqueles que estão, literalmente, atrás das câmeras. Credenciado pelos 35 anos como repórter cinematográfico da TV Globo, onde agora é supervisor de cinegrafia da emissora, José Carlos Azevedo ressaltou, no curso de telejornalismo do Globo Universidade, em parceria com a PUC-Rio, a importância da versatilidade profissional:

– Quem deseja trabalhar nessa área tem de ser ao mesmo tempo jornalista, cinegrafista e diretor. Preciso estar sempre junto da notícia e ter raciocínio rápido. Além de, é claro, gostar muito do que faz.

Para Azevedo, uma das principais lições que o repórter cinematográfico tem de aprender refere-se ao apetite visual: fazer imagens durante uma matéria “nunca é demais”.

– O cinegrafista deve manter a câmera ligada. E ter a sensibilidade, a perspicácia para não intimidar o entrevistado. Perceber a melhor hora de filmá-los, para que a matéria fique mais natural e se possa extrair uma boa história – ensinou.

É igualmente importante, destacou o especialista, entender que o cinegrafista “não é simples captador de imagens”. Deve incorporar-se ao esforço conjunto para produzir a reportagem:

– Oriento o cinegrafista a ler e entender a pauta. Ele precisa conversar com o repórter, com o editor e o produtor. O repórter e o cinegrafista devem trabalhar afinados, para como conseguir, por exemplo, as melhores imagens de um personagem.

Editor do Globo Repórter, João Marcos Rocha também contou um pouco da sua experiência aos alunos do curso de telejornalismo. Ele salientou a importância da coordenação de habilidades para a produção de uma matéria jornalística, que “ganha corpo ao passar pelas mãos do editor”:

– O segredo de uma boa edição está no ritmo e na emoção bem dosados. Precisamos ter cuidado e ética para não cometer deslizes.

 

Quatro perguntas para José Carlos Azevedo e João Marcos Rocha

- Como é a relação do cinegrafista com o repórter? Como evitar conflitos?

- Azevedo: O cinegrafista estar entrosado com o repórter, avisá-lo, por exemplo, se perceber algo errado. É muito importante mostrar preocupação com a matéria.

- De que maneira é feita a preparação dos profissionais que trabalham como cinegrafistas na TV Globo?

- Azevedo: Fazemos um trabalho específico com cada cinegrafista. Eu converso, oriento e cobro. Preciso ter o time na mão.

- A TV Globo tem um amplo acervo de imagens. Como fazer encontrar exatamente o que é necessário?

- Rocha: O acervo de imagens é todo informatizado. Encontramos com relativa facilidade as imagens desejadas.

- Qual é o sentimento que o senhor guarda após tantos anos de profissão? Qual é a sua missão daqui para a frente?

- Azevedo: O que mais me orgulha é ter sido cinegrafista da Rede Globo. Tenho uma responsabilidade maior, que é dar prosseguimento à profissão. Preciso passar meu conhecimento para os meninos que chegam lá.