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Rio de Janeiro, 19 de abril de 2024


Ciência e Tecnologia

Universidade acolhe campanha para doação de medula óssea

Artur Romeu - Do Portal

17/11/2008

A primeira campanha para captação de doadores de medula óssea na PUC-Rio acontece nesta quarta-feira, 19. Em parceria com o Hemorio (Centro de Hemoterapia do Rio de Janeiro), a Coordenação de Atividades Comunitárias e Culturais (CACC) vai trazer uma equipe médica para cadastrar novos doadores, no Salão da Pastoral, das 9h às 17h. A iniciativa foi da estudante de Direito da PUC-Rio, Flávia Kinskey. Sua irmã tem 8 anos e sofre desde os 4 de leucemia. A doença levou Flávia a se tornar uma especialista no assunto: “Entendo bastante de quimioterapia e já leio um exame de sangue quase como médica”, comenta. Ela conta ao Portal PUC-Rio Digital qual o procedimento para a doação de medula, segundo Flávia simples e pode salvar vidas.

Portal: Como é que vai ser feita a captação de doadores de medula na PUC-Rio?

Flávia: Vamos realizar na Universidade a primeira fase do transplante de medula óssea. O voluntario vai até um posto de doação e é coletada uma mostra de sangue. São 10 ml, menos do que quando você vai fazer um teste para um exame qualquer. Com isso, o seu tipo de sangue é cadastrado no banco do Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea). Se aparece alguém compatível com o doador, o banco entra em contato para dar a notícia.


Portal: Como é feito o transplante de medula óssea?

Flávia: Quando se fala em transplante, as pessoas acham que vão tirar um pedaço de você. A verdade é que se trata de um procedimento bem simples. Você realiza alguns exames de saúde para garantir que tem condições de doar. 

Portal: Quais são as formas de doação?

Flávia: O doador pode ir para o centro cirúrgico. Com anestesia local, o médico faz uma pequena pulsão no osso da bacia, a pessoa não sente nada, e é retirada dali uma pequena quantidade de líquido. Esse pouquinho não faz diferença para o funcionamento do corpo, em quinze dias o organismo recupera. Esse pouquinho pode salvar uma vida, porque ao ser injetado no paciente, o corpo começa a reproduzir as células saudáveis do doador. Já para quem tem medo da cirurgia, existe outra opção. É como fazer uma doação de sangue. Toma-se um remédio cinco dias antes para ajudar a medula a migrar do osso para o sangue e aumentar a concentração. Depois, é como se fosse uma doação de sangue, os médicos fazem uma filtragem e separam a medula óssea no sangue. Esse procedimento é mais demorado que o outro. São cerca de três horas, enquanto da outra maneira leva apenas 40 minutos.

Portal: Quais são as chances de alguém que precisa do transplante de medula encontrar um doador?

Flávia: Uma em um milhão. A última vez que conferi o banco de doadores do Brasil eram cerca de 700 mil pessoas. É como se todas as pessoas com a doença, no país, não tivessem nenhum doador compatível. Não existe informação. O procedimento de doação é muito simples, se as pessoas soubessem como é fácil com certeza haveria mais doadores. No Brasil, é ainda mais difícil porque depende da genética do doador ser igual à genética de quem está doando. Aqui existe uma miscigenação de raças muito grande. É bastante complicado. Já estou cadastrada no banco há mais de quatro anos e ainda não encontrei uma pessoa compatível comigo.

Portal: O que levou você a trazer essa campanha para a PUC-Rio?

Tenho uma irmã de 8 anos que foi diagnosticada com leucemia aos 4 anos de idade. O tipo dela é o menos grave de todos. Não precisa de transplante. O caso se resolve só com a quimioterapia. Eu fiz o teste e, apesar de ser irmã, que é o doador com maiores chances (25%), não éramos compatíveis. Se precisasse ia fazer a busca por doadores em toda a família e depois começar a buscar nos bancos. Nesse processo, conheci muita gente, em hospitais e na internet. Muita gente que depende do transplante de medula para sobreviver. O meu interesse é divulgar. É comum vermos famosos fazendo campanha para a doação de sangue, mas doação de medula ninguém conhece. Na PUC, essa campanha pode ter um impacto forte. São muitos alunos, muita gente de fora. Se as pessoas virem e entenderem, elas vão espalhar. A idéia, mais do que conseguir doadores, é divulgar. Tenho intenção de fazer pelo menos uma campanha por ano, duas, se possível.