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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


Campus

'Papo de Segunda' e a arte de discordar

Thais Albuquerque e Paula Bastos Araripe - Do Portal

30/03/2016

 Paula Bastos Araripe

Os apresentadores do programa Papo de Segunda, exibido pelo canal GNT, se reuniram, nesta terça-feira (29), no auditório Padre Anchieta na PUC-Rio para conversar com os alunos do Departamento de Comunicação. João Vicente, Leo Jaime, Marcelo Tas, Xico Sá e a diretora geral do programa, Isabella Ponce, contaram como surgiu a atração, como são pensadas as pautas, como fluem as discussões entre os apresentadores, a importância da interatividade com o público por meio de hashtags, além de curiosidades pessoais de cada um.

Criado a partir do programa Saia Justa, que reúne as apresentadoras Astrid Fontenelle, Barbara Gancia, Maria Ribeiro e Mônica Martelli, o Papo é quase 100% ao vivo.

 — O programa ao vivo deixa todo mundo de prontidão. No gravado ocorrem mais erros porque as pessoas não estão preparadas o suficiente, não está todo mundo inteiro. Ao vivo você só tem uma chance, então todos devem estar muito atentos a tudo que acontece — justificou Marcelo Tas.

O uso das hashtags no twitter e a exibição das mais interessantes durante o programa também é algo inovador e que contribui para as discussões dos apresentadores, segundo Isabella: “Nós selecionamos o que vai entrar, ou não. É ótimo quando o tweet colabora para o enriquecimento das conversas”. Tas foi um dos que precisaram lutar em seu último trabalho, no CQC, na Band, para exibir a opinião dos telespectadores na tela. Ele diz que, por ser um canal de TV aberta, a Band teve grande resistência em valorizar e usar os tweets sobre o programa no CQC, mas com alguma insistência a emissora cedeu aos pedidos. Chegando ao GNT, o jornalista se admirou com a equipe do canal: “Percebi que o GNT já tinha uma equipe pronta só para a parte de mídias sociais. A revolução da tecnologia serve, justamente, para incentivar o diálogo entre a TV e o telespectador.”

Paula Bastos Araripe 

A equipe debateu com os alunos a necessidade da discussão, considerando o contexto político-econômico atual. Fazendo menção à época da ditadura, Xico Sá disse julgar favorável o momento em que vivemos na comunicação: “Passamos a vida inteira fazendo comunicação de uma mão só. Agora temos a liberdade de contestar tudo o que vemos. Nos tempos de ditadura, tínhamos que simplesmente aceitar e pronto. O poder de contestação é sensacional”. Assim como Xico, Tas concordou que vivemos o melhor momento para se praticar o debate e avalia a universidade como um “ambiente precioso” para discussões: “Vocês têm um ambiente de liberdade, debates, experimentação e aprendizado dentro da faculdade. Não deixem de aproveitar o que existe fora da sala de aula também”.

Paula Bastos Araripe

João Vicente destacou o aprendizado que os apresentadores têm a cada episódio do programa: “Nós aprendemos a lidar com posições diferentes. Discordar é uma arte. No começo da primeira temporada nós não sentíamos a necessidade de discordar tanto porque somos muito ‘brothers’, mas com o tempo fomos pegando um viés legal da discórdia sem desrespeitar o outro”. Leo Jaime compara a discussão entre eles a uma banda: “Em uma banda cada um tem a sua função. Eu não posso fazer a função do outro. Ao mesmo tempo, temos que tocar a mesma música. É como se nos complementássemos”. As visões e pensamentos diferentes entre os apresentadores são os aspectos que mais enriquecem o programa, segundo Xico: “Ninguém é convidado para equilibrar o debate, por exemplo. É bom que pensemos e tenhamos opiniões diferentes”.

A forma da fala também foi um aspecto destacado por Leo Jaime que acredita que deva existir um meio termo de modo que o programa não fique nem muito informal, nem muito formal: “É preciso que haja pluralidade, é preciso que as pessoas nos entendam. Nada pode ser técnico demais, temos que acrescentar conteúdo, mas de modo que as pessoas nos entendam. Para ser um programa interessante o telespectador deve se sentir dentro daquela roda de amigos. Não é uma aula que a gente ensina algo”.

O programa já está na segunda temporada e é exibido toda segunda-feira, às 22h, no GNT.