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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Campus

Antônio Werneck: "Contato com fonte, só no trabalho"

Bárbara Chieregate - Do Portal

24/09/2015

 Reprodução

Repórter do jornal O Globo há 25 anos e referência na cobertura de cidade, Antônio Werneck acredita que o futuro do jornal impresso é “ser cada vez mais aprofundado, quase um material de pesquisa, com muitas opiniões”, e que a internet será o lugar das notícias factuais. Em encontro com alunos do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, nesta segunda-feira, 21, o jornalista, – ganhador de dois prêmios Esso – de Jornalismo de 2003, com “Traficantes nos Quartéis”, e o Regional Sudeste de 2011 com “Depois da tempestade, vem a corrupção”, com Waleska Borges – destacou a sua relação (distante) com as fontes:

– Desde o início da minha carreira, estabeleci a seguinte regra: não tenho contato com as fontes fora do trabalho. Não dou meu telefone de casa para ninguém, nem meu celular, a não ser pra minha família ou para o meu editor. Por isso, em vários momentos perdi fontes.

O jornalista contou que, devido a essa condição, já deixou de ser encontrado até por Fernandinho Beira-Mar, a quem iria entrevistar. Anos antes, Werneck escreveu a reportagem que “praticamente revelou o traficante”, o que criou em Beira-Mar o desejo de ser entrevistado pelo repórter. Na época da ligação, o traficante estava foragido da polícia e era um dos mais procurados do Brasil. Werneck conta:

– Quando cheguei ao Globo, estava todo mundo apavorado dizendo que ele queria falar comigo, um homem procuradíssimo. Atendi com a maior tranquilidade e ele disse: “Você parece o presidente, cara, estou há dois dias tentando falar com você!”.

A relação com Beira-Mar não acaba por aí. Em “Ninguém nasce Fernandinho Beira-Mar”, que ganhou o prêmio interno de melhor reportagem do Globo em 2010, o jornalista reuniu as histórias de alunos que estudaram com Fernandinho na infância, depois de cinco anos de apuração. Dos 23 alunos que estudaram juntos há mais de 30 anos numa escola pública em Caxias, apenas o traficante optou pelo crime. Algumas pessoas optaram por não falar com o repórter, mas nenhuma delas tinha antecedentes criminais.

Werneck contou da experiência de atuar na editoria de Esportes, onde foi incumbido de acompanhar o jogador Romário. Werneck o abordou numa partida na praia, se apresentou e explicou que ficaria na cola do craque, que reagiu: "Tudo bem, pode me seguir à vontade. Só não fale das minhas mulheres".

– Fui o único da imprensa a entrar na festa de despedida do Romário.

A palestra foi organizada pelos professores Alexandre Carauta, Luciana Brafman e Lula Branco Martins.

Assista à integra.

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