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Rio de Janeiro, 18 de abril de 2024


Cultura

"Todos os grandes pensadores só permanecem porque são atuais"

Luiz Baez - aplicativo - Do Portal

10/09/2015

 Reprodução

A abertura do colóquio Três franceses e uma alemã, quarta-feira à noite, no Centro Cultural Banco do Brasil (CBB), confirmou, generosamente, a premissa de atualidade das visões de Jean-Paul Sartre, Gilles Deleuze, Roland Barthes e Hannah Arendt. Com o tema O que pode o pensamento: sujeito e juízos de valor, o professor de Filosofia da PUC-Rio Danilo Marcondes e o professor de Ciência Política da UFF Renato Lessa discutiram alguns pontos emblemáticos do diálogo entre Sartre e Arendt e o mundo atual.

"Todos os grandes pensadores só permanecem porque são atuais”, ressaltou uma das organizadoras do seminário, Clarisse Fukelman, professora do Departamento de Comunicação da PUC-Rio. Ela lembrou, à plateia que lotava o auditório do CCBB, a ideia central da iniciativa, que se estende até o dia 28 deste mês:

– O seminário pretende discutir os impactos das filosofias de Sarte, Deleuze, Barthes e Arendt nas diversas áreas do conhecimento. Esses pensadores, de alguma maneira, nos provocam a pensar o nosso agora. E os quatro apresentam a característica adicional de terem se debruçado em várias áreas do conhecimento.

Marcondes abordou Sartre a partir da obra incompleta “O idiota da família”, que analisa como o francês Gustave Flaubert se tornou o maior escritor de seu país no século XX. O professor destacou que filósofo existencialista, depois de escrever duas mil páginas, conclui que "nada pode ser dito a respeito do ser humano":

– Temos uma tendência a buscar resposta pronta para questão que formulamos, e só nos sentimos satisfeitos se conseguirmos boa resposta. Sartre mostra que não é assim: a pergunta nos leva a novas perguntas, e assim uma resposta será sempre incompleta para a questão formulada – ponderou o professor.

Luisa Oliveira Já Lessa se debruçou sobre o conceito de realidade na visão da filósofa alemã: “conjunto de palavras e presença dos outros”. Segundo o cientista político, pensar, para Arendt, se relaciona a dialogar consigo mesmo e, ao mesmo tempo, refletir sob um ponto de vista diferente. O especialista destacou a distinção entre pensamento e conhecimento observada na obra dela:

– Temos uma ideia de que pensamento e conhecimento são coisas semelhantes. Arendt deixa claro que não são. Conhecimento é uma faculdade cognitiva, uma prática voltada para resultados tangíveis. Pensamento não tem essa perspectiva do resultado, é um exercício reflexivo.

Luisa OliveiraDepois das apreciações de Danilo e Lessa, o debate foi estendido ao público e ao curador do seminário Gustavo Chataignier, professor de Estética da Comunicação de Massa e Filosofia Antiga da PUC-Rio. Marcondes reforçou a necessidade da pergunta existencialista “o que se pode saber de alguém?” em Sartre, mesmo concluindo que é "irrespondível". 

O seminário ocorre às segundas e quartas, no CCBB, até 28 de setembro. Também está previsto um encontro no dia 24, quinta-feira. A entrada é franca, com distribuição de senhas, e as sessões começam às 18h30, com duas horas de duração.