Calouro do curso de cinema da PUC-Rio, Thales Cavalcanti, 20 anos, é o protagonista de Casa grande, longa-metragem de Felipe Barbosa que estreou esta semana. Nesta quarta-feira, 6 de maio, o diretor do filme, Fellipe Barbosa, estará na PUC, a convite do professor de roteiro Lucas Paraíso, para um debate às 9h, na 102K.

Thales foi selecionado para o papel de Jean, um adolescente rico e cheio de conflitos, quando ainda estudava no Colégio São Bento, onde o diretor, ex-aluno do tradicional colégio esteve em 2012, buscando não-atores com perfis parecidos com os personagens. A oportunidade causou uma reviravolta na vida de Thales.

– Quando comecei a fazer os testes, senti uma energia diferente, como se soubesse fazer isso há muito tempo. Mas na verdade não tinha experiência nenhuma – relembra Thales, que durante o processo de filmagem trancou a graduação em engenharia eletrônica e entrou no curso de cinema: – O Felipe dizia mesmo que o filme mudaria a vida de quem fizesse o Jean. Na época eu não entendia direito, mas agora tudo faz sentido.

O filme entra no circuito nacional depois de ganhar 12 prêmios nacionais e internacionais, como o Festival de Paulínia e o Festival Latino-Americano de Toulouse. O longa conta a história de uma família muito rica que se endivida, e a primeira medida que o pai (Marcello Novaes, melhor ator coadjuvante em Paulínia) toma para conter as dívidas é demitir o motorista particular do filho Jean. A partir daí, o jovem passa a ir de ônibus para a escola e tem um choque de realidade. Jean se apaixona por uma menina de classe média e aprende a romper barreiras sociais, causa de muitas brigas com seus pais.

O nome é Casa grande em referência ao livro de Gilberto Freyre, Casa grande e senzala. Ambos retratam a desigualdade social no Brasil, como a submissão ainda está presente nas relações de funcionários e patrões e vários preconceitos que se repetem até os dias atuais.

O filme foi rodado em 2013, época em que a proximidade de Thales com o personagem Jean era muito grande. Hoje, ele está cada vez é mais distante. “A minha ingenuidade na época em relação ao mundo era muito parecida com a de Jean, além da explosão em algumas situações”.

Os pais de Thales, a princípio não deram tanto apoio à mudança de carreira, e o abandono da área de exatas, que até então era seu maior interesse.

– As coisas foram acontecendo, o filme indo a vários festivais, e principalmente agora que o filme está sendo mais divulgado eles estão cada vez mais confiantes. Seria impossível ter feito o filme sem eles.

Além dos pais, Thales frisa a importância do diretor e da preparadora de elenco, Amanda Gabriel, na preparação para a atuação naturalista, principalmente porque ele não tinha qualquer experiência como ator, apesar de já ser ligado ao mundo das artes pela música.

Hoje ele cursa o primeiro período de Cinema da PUC e faz aulas de interpretação na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema.