Denunciar os problemas é parte do trabalho. O dever jornalístico só estará completo se forem apresentadas soluções, alternativas para que a população consiga superá-los, lembraram os repórteres e apresentadores Márcio Gomes e Vandrey Pereira, no curso de telejornalismo do Globo Universidade, em parceria com a PUC-Rio.
Para fazer um bom jornalismo comunitário, é preciso dar voz ao povo e abrir espaço para a resposta das autoridades, observaram os especialistas. Segundo eles, o repórter deve estar próximo da vida real, retratar as curiosidades, os obstáculos e os prazeres do cotidiano, tanto nos centros quanto nos subúrbios.
Ex-aluno da PUC-Rio, Márcio Gomes apresenta o RJTV desde 1999. Transmitido para o Grande Rio e a Baixada Fluminense, o telejornal tem duas edições diárias, nas quais as matérias de serviço estão entre os principais conteúdos. Para ele, fazer jornalismo comunitário é se integrar à realidade da população:
– Quem trabalha com jornal comunitário tem de pensar não só nas pautas, mas na forma como são desenvolvidas, quais pessoas devem ser procuradas. Este é o nosso grande desafio: não só denunciar os problemas para a população, mas fazer com que ela fique envolvida na solução.
Natural de Santa Catarina, Vandrey Pereira foi chamado pela Rede Globo especialmente para assumir a estação RJ na Baixada, lançada há três anos. Com o objetivo de aproximar a população da área ao telejornal, a iniciativa recebeu ótima resposta do público. Na maioria das vezes, Vandrey entrava ao vivo da Praça Roberto Silveira, em Duque de Caxias, com uma “pequena multidão” ao fundo. Segundo o repórter, a sua falta de intimidade inicial da Baixada Fluminense foi importante para que realizasse um trabalho sem idéias pré-concebidas:
– Por não ser do Rio, cheguei com um olhar próprio. Eu não conhecia direito a Baixada. Aquela região precisava mesmo ser “aberta”. Era esta a nossa vontade. O projeto foi criado também para que tivéssemos mais agilidade. A gente estava ali, mais perto do problema. O que mais me marcou foram as pessoas nos vendo e dizendo: ‘Olha, a Globo está aqui’ – diz Vandrey.
Com a adoção sistemática do RJ Móvel, as passagens deixaram de ser fixas, na Praça Roberto Silveira, e se multiplicaram pela região. O avanço tecnológico revelou-se estratégico para a dinâmica jornalística, para deixar a cobertura na Baixada mais ágil e próxima da comunidade. O jornalismo comunitário inclui uma série de tarefas. Apesar de o planejamento ser fundamental na produção editorial, às vezes o profissional é obrigado a resolver imprevistos. “Precisamos nos desdobrar em mil e uma funções”, disse Márcio.
– Às vezes, chegávamos lá para cobrir um assunto e acabávamos falando de outro, que se revelava mais importante. Coisas que vemos durante o caminho viram pautas depois – explicou Vandrey.
A necessidade de envolver o telejornal na cobrança dos problemas faz parte da rotina dos repórteres. Como reiterou Márcio Gomes, o jornalismo comunitário precisa marcar presença nas ruas:
– Se queremos mostrar que o repórter está vivendo aquela situação, ele precisa aparecer mais. Somos protagonistas da história que vivemos. Nesse sentido, talvez o jornalismo comunitário seja o jornalismo mais cidadão.
Quatro perguntas para Márcio Gomes e Vandrey Pereira:
1) O jornalismo comunitário da TV Globo mudou de formato há alguns anos. Qual a principal diferença da nova cobertura?
– Márcio: O telejornal local precisa mostrar a rua das pessoas. Hoje humanizamos mais os problemas, procuramos personagens para contar melhor as histórias e conseguir um envolvimento na busca por soluções.
2) Como evitar que as matérias fiquem com um tom sensacionalista?
– Vandrey: À medida que vamos para os lugares, observamos o comportamento das pessoas e entendemos o que elas querem. Pesquisando as histórias, construímos as matérias com base nos personagens que encontramos.
3) O RJ Móvel mudou a cobertura do jornalismo comunitário?
– Vandrey: Com o RJ Móvel, estamos sempre perto do fato e das pessoas. As pessoas adoram se ver na televisão. A comunidade fica reunida e é mais ouvida.
4) Qual a experiência que você, Márcio, levou da PUC-Rio?
– Márcio: Este início me ajudou a lidar com pessoas de personalidades variadas. Tinha um professor meu, por exemplo, que pedia uma matéria antes do tempo combinado e se irritava porque ainda não estava pronta. Já era um clima de redação, importante para o começo da minha carreira.
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