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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Cultura

Cinema brasileiro em debate em tarde de Comunicação

Glaucia Marinho - Do Portal

28/10/2008

 Paula Giolito No ano passado foram veiculados na televisão brasileira 550 desenhos animados. Nenhum brasileiro. O espaço – ou a falta de espaço – para as produções audiovisuais brasileiras no circuito nacional foi discutida pelo diretor de fotografia Jorge Monclar em uma das mesas da tarde de palestras de Comunicação, da qual participaram ainda o jornalista Jorge Antônio Barros, editor do Globo e do blog Repórter do Crime, e o publicitário Guilherme Sal, diretor do Grupo Sal.

Jorge Monclar mostrou um levantamento realizado pela Embrafilme nos anos 1970, quando foi presidida por Roberto Farias. Segundo o estudo, seriam necessárias cerca de 15 mil salas de exibição de filmes no país e atualmente existem pouco mais de duas mil. Para Monclar, são indicadores de que o cinema brasileiro não tem espaço, e pior, elitizou-se: “Criou um gargalo”. Outros fatores são o preço médio do ingresso – R$ 16 –, caro para os padrões brasileiros. Lembrou ainda do descaso com a lei que obriga a exibição de um curta antes da projeção de longas em cinemas. “Não existe ninguém que cumpra a lei dos curtas antes dos filmes. Só no ano passado foram produzidos no país 350 curtas e 49 longas.”

Segundo o diretor, para o desenvolvimento da atividade cinematográfica no Brasil é preciso ser “um saci de três pernas”, saber navegar em todas as áreas do audiovisual ou trabalhar para a televisão. Ele alertou os estudantes de comunicação: “A diferença de um filme para o outro é o diretor.”

Monclar, que já foi líder sindical, defendeu uma lei de investimento fiscal duradoura que não dependesse dos governos. “É uma vergonha uma indústria que se desenvolveu durante a ditadura de 1964”. Ele finalizou a palestra exibindo um triste panorama: “O Brasil é responsável por 1,5% do mercado, o que equivale à quinta indústria mundial de cinema, tudo que vemos é produto de Hollywood. Filmes poloneses, belgas, nem entram no circuito.”