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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Campus

Os limites do jornalismo investigativo

Gabriela Ferreira - Do Portal

16/01/2009

Alvo de polêmicas, críticas e equívocos, o jornalismo investigativo deve ser acompanhado de zelo profissional para que a busca da notícia não prejudique o compromisso com a verdade, a ética, o equilíbrio. Com esta orientação elementar, o repórter da Rede Globo André Luiz Azevedo acredita que boa parte dos riscos associados à reportagem investigativa possa ser evitada. Dirigindo-se aos alunos do curso de telejornalismo do Globo Universidade, em parceria com a PUC-Rio, ele foi categórico: “O repórter tem que saber o seu lugar”.

Aquele tipo de jornalismo, explicou o profissional, envolve situações e relações freqüentemente complexas. Para afastar ameaças recorrentes, como o denuncismo, o repórter tem de manter a relação com as fontes e os recursos de apuração dentro dos limites do profissionalismo e da ética, enfatizou Azevedo.

– Mesmo em nome do interesse público, o repórter não pode compactuar com o crime ou com algum recurso ilícito – esclareceu.

A verificação de denúncias deve fazer parte da rotina da reportagem investigativa. Outro cuidado fundamental é respeitar os limites, os propósitos e os compromissos específicos de cada envolvido na investigação jornalística:

– É preciso que fique bem claro quem é o repórter, quem é o policial. Não se pode participar da ação dos policiais.

As fontes de informação merecem atenção especial. De acordo com Azevedo, o jornalista tem de saber preservá-las, o que exige, entre outras habilidades, a manutenção de uma distância equilibrada.

– Os personagens são essenciais não só para se chegar até uma informação importante, mas também para expor, por exemplo, as conseqüências do problema apresentado na reportagem – justificou Azevedo. Mas advertiu:

– O uso de personagens deve ser parcimonioso. Se for exagerado, criará problemas.

Outra orientação importante para quem trabalha ou pretende trabalhar com jornalismo investigativo refere-se à abordagem. Segundo Azevedo, deve-se alinhar a matéria ao interesse da sociedade. Se esta perspectiva se perder, o esforço terá sido em vão.

O jornalista aprova o uso de novas tecnologias para garimpar informações e não vê problemas no uso de micro-câmeras. “Desde que prevaleçam o compromisso com a lei, a verdade e o bom senso”, ressalvou. Embora a reportagem investigativa tenha um custo maior e leve mais tempo para ser produzida, o resultado costuma compensar o investimento, observou André Luiz. Ele se disse recompensado com os temas de grande repercussão.

– Jornalismo investigativo envolve denúncia, surpresa, emoção. O casamento entre TV e jornalismo investigativo é muito bom – comentou.