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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Campus

Produções de alunos de Chico Otávio ganham mundo digital

Nathalia Cardoso - aplicativo - Do Portal

08/08/2014

 Lucas Sereda

Incentivados pelo professor Francisco Otávio (ou Chico Otávio, como é conhecido pelos alunos e colegas de trabalho), da disciplina Redação em Jornalismo Impresso, os alunos do primeiro semestre do 2014 produziram sites sobre três diferentes assuntos: eleições de 2014, os 100 anos da Primeira Guerra Mundial e os 90 anos do jornalista literário Truman Capote.

A escolha da plataforma digital para a apresentação dos trabalhos surpreendeu aos alunos, que esperavam aulas de redação voltadas para o jornal impresso. Chico explica que procurou seguir uma tendência crescente nas redações da mídia tradicional. Para isso, apostou em projetos multimídia, incorporando fotos, vídeos e outros elementos ao texto-reportagem.

– Seguramente, esta é a direção que o jornalismo está seguindo. E o curso da PUC deve captar estes sinais, surfar nesta onda.

Para iniciar os trabalhos, os alunos das três turmas da disciplina se basearam em uma lista de efemérides (expressão muito comum no meio jornalístico, que diz respeito a datas comemorativas) que iam de janeiro a julho deste ano, e votaram os temas que seriam abordados por  cada uma delas. A partir da decisão, teve início um trabalho árduo de pesquisa e apuração.

– As aulas são de redação, mas procuro sempre valorizar a reportagem. Um bom texto depende, essencialmente, da qualidade da pauta e da apuração. Se essas etapas não funcionarem bem, não há talento literário que dê jeito – afirma Chico.

A maior dificuldade, segundo os alunos, foram as pesquisas, porque os temas são complexos e não havia muita informação disponível na internet. Tiveram que ir direto às fontes, a segunda maior dificuldade encontrada nessa jornada: entrevistas e a apuração.

– Como em todo trabalho do tipo, é difícil conseguir entrevistas para a matéria, ainda mais porque o Chico queria que buscássemos fontes de fora da PUC. O motivo era dificultar nosso trabalho e, assim, nos aproximar da realidade de uma redação – constata Ana Paula Luz Bissoli, que trabalhou a vida e a obra de Capote, de cuja obra mais importante foi o livro “A Sangue Frio”, que conta a história de um assassinato de uma rica família nos Estados Unidos.

– Além de ter aprendido mais sobre o Capote e jornalismo literário de um modo geral, estudar o "A Sangue Frio" nos faz perceber o quão importante o jornalismo bem feito pode ser. Ir além do básico, buscar as informações, vivenciar o fato, perceber detalhes, gestos, analisar o que ocorreu... Tudo isso é muito importante e não se consegue através de uma entrevista pelo telefone, por exemplo – aponta Lucas de Oliveira Mendes.

Chico, que dá aulas na PUC há cerca de 10 anos, se disse orgulhoso do trabalho dos alunos. Para ele, o melhor aprendizado que obtiveram foi de aprender a “resistir às tentações de reproduzir algo que já trafegou pela rede.”

– Gostei muito do resultado final. Estou orgulhoso deles.

Segundo Nicole Lacerda, que trabalhou com os 100 anos da Primeira Guerra Mundial, a grande dificuldade, além do sacrifício para conseguir as entrevistas, foi encontrar o foco do material que seria publicado:

– O nosso tema era amplo! Com a guerra surgiram diversas vanguardas. Por isso ficamos com medo de falar sobre tudo e ao mesmo tempo não conseguir explicar nada para o leitor. Então escolhemos falar apenas sobre uma vanguarda: o expressionismo. Mas demoramos para encontrar o nosso foco. Pesquisamos muito na internet, em textos, livros, conversamos com uma professora de história da PUC, e só então chegamos à conclusão de começar falando sobre a história, explicar o que o artista sentia ao fazer as obras expressionistas durante e após a Primeira Guerra, e fazer uma ligação com os dias de hoje – relembra Nicole Lacerda.

Os alunos dessa turma fizeram referência ao grafiteiro Paulo Ito, que há cerca de dois meses ficou famoso através de jornais do mundo inteiro por expressar sua indignação com a desigualdade social e os altos custos da Copa do Mundo para o Brasil nos muros da cidade de São Paulo.

O sentimento final, de ambas as partes, foi de dever cumprido. Os alunos também se orgulharam, não só do trabalho produzido, como do aprendizado obtido.

– Acho que nós saímos bem. Aprendi a "me virar" nessa busca incessante por fontes, a me adaptar a mudança nos rumos da pauta e ser desapegada ao que havia sido estabelecido em um primeiro instante, além de aprender sobre jornalismo literário e Truman Capote, dois temas que me interessam muito e considero de grande relevância para estudantes de Comunicação – afirma, saudosa, Ana Paula.