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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


País

DSTs, maior risco de contágio na Copa

Nathalia Cardoso - Do Portal

11/06/2014

 Reprodução

Sarampo, rubéola e influenza estão entre as doenças com risco de propagação durante a Copa do Mundo. As duas primeiras são doenças já erradicadas no país, mas não ainda na América do Norte, na Europa e no Japão, origem de muitos dos turistas, enquanto a influenza pode se espalhar devido à época do ano. O público de visitantes da Copa é considerado por epidemiologistas como de maior risco que o da Jornada Mundial da Juventude, que reuniu cerca de seis vezes mais pessoas no Brasil, principalmente na cidade do Rio. O fato de se tratar de pessoas de maior poder aquisitivo, e que, portanto, viajam mais, aumenta o risco de portar e transmitir doenças. Mas a maior preocupação das autoridades de saúde são as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), que podem e devem ser evitadas com prevenção.

– Ninguém pode evitar a transmissão de doenças por via aérea, até porque as pessoas estão vindo para cá para se aglomerar. É importante tomar cuidados básicos, como lavar mãos, usar produtos antissépticos e cuidar da alimentação. Mas realmente os hospitais devem voltar a atenção para os riscos decorrentes de contatos sexuais, pensando que podem aparecer outros agentes infecciosos além dos que já conhecemos, com resistência maior aos nossos medicamentos. Se há uma preocupação para destacar, é essa – afirma o médico sanitarista Paulo Sabroza, pesquisador titular da ENSP/Fiocruz.

De acordo com o especialista, a possibilidade de uma epidemia de sarampo e rubéola é improvável. Ele lembra que o Brasil é referência em monitoramento epidemiológico, e que o esquema que deu certo na JMJ e na Copa das Confederações deve funcionar igualmente bem na Copa do Mundo. O Ministério afirma ter cerca de 10 mil profissionais da saúde treinados, e também recomendou a vacinação prévia aos visitantes.

 Reprodução Para atender aos cerca de 3,7 milhões de torcedores, entre brasileiros e estrangeiros, que circularão pelo país durante os 31 dias de Copa do Mundo, o Ministério da Saúde lançou no dia 28 de maio o Centro Integrado de Operações Conjuntas da Saúde (CIOCS), que funcionará até o dia 23 de julho para monitorar ocorrências; o guia Saúde do Viajante, disponível em português, francês, espanhol e inglês, que contém endereço e telefone dos hospitais de referência em eventos de massa, além de outras informações importantes e recomendações aos visitantes estrangeiros; e o aplicativo Saúde na Copa, disponível gratuitamente para Iphone e sistema Android, nos idiomas português, inglês e espanhol.

Segundo o Ministério da Saúde, o aplicativo, que até quinta-feira (5) teve 13.761 registros de mais de 6 mil usuários relatando a sua condição de saúde (muito bem, bem, mal, muito mal), “é destinado a todos os  Reprodução torcedores brasileiros e estrangeiros que queiram ajudar técnicos do SUS a mapear ocorrências de sintomas similares em uma determinada localidade e, com isso, permitir que seja possível a adoção de providências necessárias para informar e proteger a população de forma ágil”.

O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) mantém uma equipe que avalia a probabilidade de os registros serem eventos isolados ou uma emergência. No caso de emergências, é acionada uma investigação e bloqueio para que a doença não se alastre. O Ministério informa que, até o momento, a análise dos dados registrados pelo aplicativo não indicou situação de alerta.

Em caso de sintomas de doença infecciosa, com manifestação intensa, seja respiratória, com manifestações cutâneas ou doença venérea, o paciente deve procurar atendimento imediatamente, num dos endereços de referência indicados no aplicativo e no guia Saúde do Viajante, do Ministério da Saúde.

Entre os vírus que poderiam entrar no país trazidos por viajantes, Sabroza cita o causador da Encefalite do Nilo, que está presente em boa parte do mundo, mas ainda não no Brasil; e o chikungunya, que, assim como o vírus da dengue, são transmitidos por mosquito. Eles produzem doenças graves, sendo uma delas, a encefalite do Nilo, muitas vezes letal e a outra com potencial para evoluir à incapacidade grave das articulações.

– Se vier uma pessoa portadora de um desses dois vírus, poderia começar introduzindo um problema desse tipo. Mas é improvável, porque o tempo de viremia (encubação) é muito curto.

A dengue não deverá ser problema durante o Mundial, porque esta é uma época de baixa propagação do aedes aegypti.