Considerado um dos mais influentes economistas do país, admirado por colegas das mais variadas vertentes e ídolo dos alunos, o economista e professor Dionisio Dias Carneiro (1945-2010) será homenageado nesta segunda-feira (25) com o lançamento do livro Dionisio Dias Carneiro, um humanista cético – Uma história da formação de jovens economistas (Editora PUC-Rio/GEN).

Trata-se de uma biografia, complementada por depoimentos de meia centena de alunos e amigos, narrando lembranças e histórias vividas com o professor. Amigo de Dionisio por mais de 40 anos, o decano de Ciências Sociais da PUC-Rio, professor Luiz Roberto Cunha, organizador do livro (com os cientistas políticos e professores Maria Antonieta Leopoldi e Eduardo Raposo), explica que o intuito é recordar um pouco do homem que foi Dionisio, e apresentá-lo a quem não teve a oportunidade de conhecê-lo.

O decano ressalta que o maior legado deixado por Dionisio foi a formação de uma geração de grandes economistas no Brasil. E destaca sua importância para a PUC-Rio, onde lecionou por 30 anos, entre 1977 e 2008, e fundou o curso de mestrado em Economia na PUC-Rio.

– Dizíamos que Dionisio era a alma da PUC! Ele teve um papel muito importante dentro da universidade, e era um excelente professor – afirma Cunha.

Discípula de Dionisio, a economista e professora Monica Baumgarten de Bolle (na foto, ao lado de Cunha e Thomas Wu), explica na terceira capa do livro a razão do “humanista cético” do título: “Cético porque reconhecia a sabedoria das palavras de Caetano Veloso, que ele tantas vezes dirigia a seus interlocutores: ‘De perto, ninguém é normal’. Humanista porque gostava de gente, porque se interessava pelas pessoas, sempre encontrava algo de singular em alguém. O prazer que tinha de trocar ideias, de engajar os outros num debate, independentemente da idade ou experiência, era contagiante. Em especial, pela capacidade que tinha de fazer isso com leveza e humor”.

O livro enseja, ainda, uma discussão sobre a formação de jovens economistas. O lançamento será acompanhado do seminário A formação de jovens economistas, pós-graduação e pesquisa, que terá como palestrantes os economistas e professores do Departamento de Economia Monica Baumgarten de Bolle, Rogério Ladeira Furquim Werneck e Luiz Roberto Azevedo Cunha.

Um dos capítulos conta a história criação, em 1992, da Galanto Consultoria, projeto que oferecia oportunidades de estágio para os alunos mais interessados em aprender a lidar com o mercado de trabalho. Hoje, a Galanto tem Monica de Bolle como sócia-diretora.

No Epílogo I/Saudades de Dionisio, Thomas Wu lembra o apoio que recebeu do professor no momento mais difícil de sua vida, na morte de sua mãe, num acidente em 2000. Abalado, Thomas pensou em abandonar o estágio  na Galanto e mandou um e-mail para Dionisio propondo que chamassem outro aluno para o seu lugar. “Dionisio me chamou: ‘Vem aqui almoçar. Eu fui e ele me deu uma bronca elegante, daquelas em que ele não deixava de sorrir. [...] Foi uma dessas conversas, fundamentais para a minha carreira, em que ele evitou que eu tomasse uma decisão errada”.

Em outro depoimento, Ana Novaes, aluna de mestrado, destaca: “O que mais me impressionava era sua paciência e disposição em escutar os mais jovens. Era surpreendente como ele se mostrava inclinado em discutir e debater economia na prática e na teoria com quem estava acabando de completar a graduação”.

Uma voz respeitada e bem-humorada

O evento terá início às 17h, no Auditório do RDC, no segundo andar do Prédio Rio Data Centro, no campus da PUC-Rio. No lançamento também será apresentado um vídeo inédito, dirigido por Cunha e editado pela estudante de jornalismo Alice Reis. O vídeo, que inclui comentários de Dionisio em programas jornalísticos, em entrevistas aos jornalistas Miriam Leitão, Gilberto Menezes Côrtes e Tamara Leftel, trechos de formatura e fotos do álbum de família, é parte de material extra disponível em área do site da GEN Editora, onde também podem ser encontrados artigos e capítulos de livros do professor.

A jornalista e professora de comunicação da PUC-Rio Suely Caldas, que teve Dionisio como um grande amigo, além de fonte, conta que ele era conhecido no meio como “mestre dos mestres”:

– Ele era respeitado e reverenciado por aqueles que conheciam seu trabalho. Sua maior qualidade era sua sabedoria, que passava adiante de forma bem-humorada. Suas análises econômicas eram sábias e bem realistas. E mostrava-se humilde – afirma a jornalista, que completa: – O país perdeu um rei na análise econômica. Ele apontava caminhos para o dilema da economia, para onde o Brasil iria economicamente.