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Rio de Janeiro, 27 de julho de 2024


País

Documentário faz justiça ao advogado Sobral Pinto

Danilo Azevedo - Do Portal

30/10/2013

 Reprodução Divulgação

Estreia nesta sexta-feira, 1º de novembro, em todo o país, o filme Sobral – O homem que não tinha preço. O documentário, que conta a história do advogado Sobral Pinto, conhecido como ferrenho defensor dos direitos humanos no Brasil, tem direção e roteiro de sua neta Paula Fiuza. A vida de Sobral Pinto está diretamente ligada à história recente do Brasil, o que faz do filme um documento histórico importante. Sobral teve participação efetiva na política e no direito brasileiro desde a Era Vargas até sua morte, em 1991, aos 98 anos. Ele completaria 120 anos no próximo dia 5.

Como destacou o produtor executivo, Augusto Casé, em sessão de pré-lançamento na noite de terça-feira, Sobral foi feito por amigos e também com saudosismo, o que fica claro em sua montagem. A diretora toma a liberdade de iniciar o filme narrando sua própria motivação pela produção do trabalho, a preservação da memória e do espírito político de seu avô. Os depoimentos de parentes e amigos acompanham essa linha.

O roteiro busca tratar de vários lados da vida do jurista. As principais abordagens são em relação a Juscelino Kubitschek; ao futebol; ao casamento; às ditaduras militar e do Estado Novo; e à sua atuação como advogado de presos políticos, que defendia muitas vezes por suas convicções apenas, sem cobrar honorários.

Divulgação  O subtítulo O homem que não tinha preço faz referência ainda a seus valores e convicções. O advogado é retratado como homem ético, íntegro e de forte personalidade. Como o próprio Sobral Pinto declara em depoimento no filme, gostaria de passar uma imagem intransigente e compreensiva: intransigente na aplicação da Justiça, e compreensivo em aceitar e defender pessoas de posições políticas contrárias à sua, como o ex-presidente JK e os comunistas Luís Carlos Prestes e o alemão Harry Berger, a quem defendeu. Características que o ajudaram a ser respeitado em sua carreira, inclusive pelos presidentes da ditadura militar. “Tocar no Sobral Pinto era mais difícil do que fechar o Congresso”, confirma o historiador José Murilo de Carvalho, um dos entrevistados por Paula Fiuza.

O documentário reúne fotos e vídeos de Sobral, deixando a sua fala tão presente quanto as dos entrevistados e aproximando o personagem do espectador. Nomes como Luís Carlos Prestes, Anita Leocádia Prestes, o jornalista Zuenir Ventura, sua filha Gilda e o escritor Guilherme Fiuza, seu neto, são presenças constantes no documentário (assista ao trailer).

As histórias e o bom humor do advogado, o rico acervo de imagens e a música original de Marcos Kuzka Cunha dão ritmo dinâmico ao filme e deixa a experiência agradável para o espectador. O longa-metragem, já exibido no Festival do Rio de 2012, acompanha a tendência do crescente número de documentários produzidos no mercado brasileiro. Na edição do FestRio deste ano, 147 dos 380 filmes exibidos eram documentais.