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Rio de Janeiro, 18 de abril de 2024


Campus

Repórter conta bastidores do jornalismo policial

Igor Novello - Do Portal

24/09/2013

 Giovanni Sanfilippo

O jornalista Leslie Leitão, da revista Veja, contou a alunos de comunicação a sua experiência como jornalista esportivo e de polícia, em palestra na tarde de segunda-feira, 23. O jornalista – que prefere ser chamado de repórter – exibiu suas principais reportagens nas áreas de esportes, onde por oito anos acompanhou casos como os do ex-dirigente do Vasco Eurico Miranda, do ex-goleiro Bruno e do ex-jogador Adriano. A reportagem que teve mais destaque foi “Eurico Miranda e a caixa preta do futebol”, publicada pelo Extra, que concorreu ao prêmio Esso, em 2001. Recentemente, pela Veja, foi um dos autores da reportagem As viagens de Cabral com o helicóptero oficial”, que levou a abertura de investigação e a mudanças de hábitos na rotina do governador, que se comprometeu a não mais usar o equipamento em viagens pessoais.

Formado em jornalismo na Universidade Estácio de Sá, Leslie começou sua carreira profissional como jornalista esportivo, aos 22 anos, na equipe do Lance!. Em busca de reportagens com mais profundidade, Leslie disse que foi tomando gosto pelo crime no esporte e, com o sucesso de suas matérias de denúncias, as portas se abriram na editoria policial. Leslie se transferiu então para os jornais Extra e, depois, O Dia. O repórter, que antes usava roupas comuns, passou a usar colete a prova de balas para acompanhar tiroteios em favelas, e suas fontes passaram a ser policiais, políticos e traficantes. Com isso, contou, o modo de abordar os entrevistados também mudou:

– Se pegarem uma ligação minha com um traficante, não vão entender nada. Eu uso todas as gírias deles. Às vezes tenho até que tomar cuidado para não derrapar no português, porque quanto mais eu usar o linguajar deles, melhor.

Outra razão para ter trocado de time, segundo o repórter, foram questões inerentes à própria cobertura esportiva atual:

– O esporte, depois de um tempo, enche o saco. A questão da assessoria dos jogadores acaba desgastando. Por isso, fui procurar uma coisa mais ampla.

Leslie defendeu o uso de microfones e câmeras escondidas no trabalho jornalístico, e contou que sua vida pessoal se tornou mais vulnerável, sofrendo ameaças e processos. Mesmo com essas dificuldades, Leslie não desanimou:

– Eu sinto muito medo das ameaças. Acho que o medo me faz ser mais cauteloso ao apurar. Sobre a questão de seguranças após ameaças, acho que não adianta muito. Quem quer se vingar espera para matar. Por isso, não posso parar de viver. Tenho que continuar a minha vida e o meu trabalho sem pensar nas ameaças.

Outro tema que teve espaço na palestra foi o jornalismo em um cenário digital. Para o repórter, as tecnologias mudaram o cotidiano das pessoas e, por isso, a mídia tradicional tem que se adaptar:

– Os jornais tem que mudar. Acho até que eles estão meio perdidos com tantas tecnologias novas. O maior exemplo disso para mim é a dúvida de editores de dar o furo no on-line ou no impresso.