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Rio de Janeiro, 20 de abril de 2024


Cultura

Bienal lança olhar para uma nova geração de leitores

Mariana Totino e Marina Chiarelli - Do Portal

04/09/2013

 Marina Chiarelli

Se o escritor Ziraldo, homenageado desta 16ª Bienal do Livro do Rio, esteve presente a todas as bienais desde a primeira, em 1980, em São Paulo, “firme e sempre com muita disposição”, são muitos os visitantes que estrearam nesta 30ª edição, que aposta na aproximação com uma nova geração de leitores. Inaugurada na quinta-feira, 29, a Bienal espera receber 600 mil pessoas durante seus 11 dias.

Na área reservada aos pequenos leitores, o Planeta Ziraldo, que conta com um espaço para crianças desenharem e colorirem, estava Bento, de 2 anos e meio, com sua mãe Letícia Pinto, de 35 (foto). Era a primeira vez de ambos numa bienal. Letícia foi com o vizinho, que também estava com a filha pequena, ainda no carrinho. Ela gostou da experiência e pretende voltar outro dia, desta vez com o marido. Amante da leitura, pretende incutir este hábito no filho:

– Desde que Bento nasceu que compro livros para ele. Antes, ele só mordia as bordas; agora, temos muitos com desenhos e para contar histórias para ele. Ele é muito agitado, e é bom entretê-lo com alguma atividade. Além de tudo, é bom para o desenvolvimento da fala. Comprei um livro daqueles que dá para pôr o rosto, sentir texturas, adivinhar qual é o animal.

Marina Chiarelli Ir à Bienal pode ser um programa de família, ou em excursão com grupos escolares.

Compradores de livros quase compulsivo, o estudante Felipe Said, de 14 anos, estava com o pai, rodeado por sacolas cheias. Havia revistas de quadrinhos e alguns volumes para a irmã. O estande de revistas de quadrinhos e mangá é um dos preferidos de Felipe, que gostou bastante dos livros em destaque este ano:

– Esta foi a minha segunda bienal e preferi esta edição à outra. Gostei bastante dos livros e consegui comprar uma boa quantidade.

Além dos “ensacolados”, destacam-se pessoas que tiram fotos com painéis ao fundo, estudantes uniformizados, casais, famílias e grupos de amigos. Há quem vá somente para para ver o movimento. As estudantes novatas em bienal Vanessa Castro e Michele Leal, ambas de 15 anos, que estudam na mesma escola, chegaram cedo e rodaram todos os estandes, foram mais “por curiosidade” que para comprar livros.

Estandes promocionais, com livros a partir de R$ 5, incluindo clássicos da literatura brasileira, são um chamariz principalmente para estudantes como elas e como Sara Correia, de 13, do Colégio Positivo de Barra de São João, que aproveitou promoções e comprou até uma lembrancinha para a mãe. Também estreante em Bienal, Sara foi despreparada para as horas de caminhada e acabou deitando no chão do Pavilhão Laranja, próximo a saída, para esperar os alunos da escola se reunirem para irem embora. Com a cabeça apoiada na mochila e segurando as compras, ela demonstrava o seu cansaço, após seis horas andando pelos pavilhões.

– Apesar do cansaço, vou voltar – prometeu.

Presente em outras bienais, o estande dos menores livros do mundo, impressos no Peru, que surpreendem principalmente os visitantes de primeira viagem, apresentavam uma edição ilustrada da Bíblia, por R$ 23. Livros de Nietzsche como Assim falou Zaratustra, com mais de 600 páginas, eram os mais caros, custando R$ 26.

Outros têm um roteiro de compras já pré-definido, fazem lista de livros e elaboram uma programação prévia dos eventos de que querem participar. É o caso da blogueira Juliana Oliveto, do blog Livros & Bolinhos, que é rata de bienal (e de bibliotecas também). Entre algumas recomendações (leia também o quadro com dicas logo abaixo), ela indica ir com sapatos confortáveis para andar o dia inteiro, e levar uma malinha de mão para carregar os livros.

Este ano, Juliana garante presença na fila do encontro com Nicholas Sparks e lamenta não poder ir no próximo fim de semana, por causa de um “compromisso inadiável”.

Destaque para livros digitais

Em três décadas de existência, a maior feira de livros do país preserva características e ainda traz novidades, como um estande com exposições e palestras sobre a Alemanha (que em outubro sediará a Feira de Livros de Frankfurt, em que, por sua vez, homenageará o Brasil).

Buscando aproximação com a nova geração de leitores, livros digitais também ganham destaque nesta edição. Novas formas de comprar e ler livros também estão representadas nesta Bienal. O site de comércio online Submarino, a rede online de sebos Estante Virtual, além da loja de ebooks, livros e revistas digitais Iba.com e estandes dos leitores eletrônicos Kindle e Kobo são exemplos disso. O leitor Kobo, da Livraria Cultura, ainda pouco conhecido, levou representantes comerciais ao estande. Cabe ao usuário definir qual o melhor aparelho, após experimentar todos os leitores disponíveis. 

Marina ChiarelliNo estande exclusivo para o leitor de ebooks da Amazon, o Kindle, o visitante disposto a comprar um dos aparelhos disponíveis ganha um cartão que vale até R$ 100 de desconto na compra pelo site até o dia 12 de setembro. O modelo com tela touch e iluminação própria, o paperwhite, custa R$ 399, e o modelo anterior, R$ 199. 

A loja Iba, de ebooks, revistas e jornais digitais, expõe tablets em que os visitantes podem navegar no aplicativo e até efetuar o cadastro para comprar títulos.

Ficção e quadrinhos atraem os jovens

O estande da Editora Panini é um dos mais procurados pelos jovens. Conhecido como o “point dos quadrinhos”, lá os adolescentes encontram edições raras de diversas revistas de mangá. Gabriele Aragão, de 24 anos, que estava com o namorado, Arthur Gomes, de 25, foram à Bienal para completar suas coleções e atender às encomendas de amigos que não puderam ir logo no primeiro dia.

Marina Chiarelli– Algumas pessoas compram revistas inclusive para revender em outros eventos. Aqui tem mais variedade e alguns números difíceis de serem encontrados – afirmou Arthur.

No estande da Editora Leya, chamam atenção as pilhas de livros da série As Crônicas de Gelo e Fogo, ao lado de um painel e um trono em que as pessoas posam para fotos. Os cinco volumes da série estão à venda e um box com os três primeiros livros sai por R$ 144. Segundo a diretora de marketing da editora Thais Marques, ainda não é possível fazer previsões de quantos exemplares serão vendidos, mas são os livros mais vendidos da editora. Mais de mil exemplares estarão disponíveis na feira.

Guia para iniciantes em bienal:

  • Chegar cedo. Antes de 9h, já existem filas formadas próximo ao portão enquanto o acesso não é liberado;
  • Usar calçado confortável;
  • Levar mala pequena (se for de carrinho, melhor ainda) para levar os livros; 
  • As senhas e os locais de bate-papo com autores e de sessão de autógrafos são diferentes. Os autógrafos serão nos estandes das editoras, que vão estipular um horário para entregar os números. A programação dos debates está toda listada no site da Bienal;
  • Atenção para não perder senha, que é uma só por pessoa;
  • A comida é cara, mas tem variedade. O ideal é fazer apenas uma boa refeição em um dos locais de alimentação e levar biscoitos ou outras guloseimas em caso de bater fome;
  • Levar listinha com o que quer comprar e com o horário e local dos eventos que quer participar ajuda a montar um roteiro de visitação;
  • Algumas editoras oferecem preços promocionais para compras em grupo ou descontos maiores para quem compra mais;
  • Não tente pechinchar. Dá para encontrar preços bons;
  • Estandes como o Submarino, fazem promoção em compras pela internet e, além disso, também entregam em casa. Confira se o livro que deseja e não consegue encontrar está com um preço bom pela internet;
  • Para ficar por dentro de quando acontecem encontros de blogueiros e outros eventos que não estão detalhados no site da Bienal, olhe as páginas das editoras.