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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


Cultura

Bienal: "Objetivo também é dar uma resposta à sociedade"

Brenda Baez - Do Portal

29/08/2013

Lucas Terra

Esqueceram de avisar ao mercado literário que a desacelaração econômica bate à porte do Brasil e demais emergentes. Aos 30 anos de vida, a 16ª Bienal do Internacional do Livro do Rio de Janeiro expõe, a partir de hoje, a vitalidade do setor oxigenado pelas publicações digitais. A estreante Amazon é cercada de 2,5 milhões de obras. Um avanço acompanhado pela Editora PUC-Rio: os 650 mil visitantes esperados, até 7 de setembro, terão acesso a mais de 150 títulos publicados com o selo da universidade.

Incorporado ao estande da Abeu (Associação Brasileira das Editoras Universitárias), no Pavilhão Laranja, o espaço da PUC-Rio reúne obras de diversas áreas: comunicação, design, literatura, teologia, meio ambiente. Suas informações básicas são mostradas num monitor (TV Pixel) programado para reproduzir anúncios dos livros. "Este recurso e o espaço personalizado aumenta a visibilidade, e nos dá liberdade para apresentarmos os títulos como quisermos", observa o professor Felipe Gomberg, editor-assistente da Editora PUC-Rio.

Animado também com o estande e, sobretudo, com o avanço do catálogo, o professor Fernando Sá, responsável pela Editora PUC, diz que a Bienal representa uma importante oportunidade não só para a exposição dos livros, mas "para estreitar o relacionamento entre estudantes e a universidade":

– A feira é um momento especial. O objetivo não é de apenas vender livros mas de dar uma resposta à sociedade, queremos apresentar as produções, as pesquisas feitas dentro da universidade para o público – ressalta o editor.

Entre as novidades, há títulos variados, como A propaganda brasileira depois de Washington Olivetto, do publicitário e professor do Departamento de Comunicação João Renha; Amamentação e o desdesign da mamadeira, de Cristine Nogueira Nunes; Favelas do Rio de Janeiro, de Rafael Gonçalves;e História da África Contemporânea, de Maurício Parada, Murilo Meihy e Pablo Mattos. Abaixo, um resumo de cada um deles:

Amamentação e o Desdesign da Mamadeira: Escrito pela professora da PUC-Rio Cristine Nogueira Nunes, o livro, cujo tema foi tese do seu doutorado em Design, aponta os impactos negativos do uso da mamadeira, contextualizando o cenário histórico da produção industrial dos substititutos do leite materno no país.

– Espero que este livro sirva para esclarecer e alertar o que realmente representa a mamadeira diante do processo de amamentação. É uma ideia contrária ao que se acredita – afirma a autora.

Favelas do Rio de Janeiro: Rafael Soares Gonçalves identifica a gênese dos dispositivos jurídicos que acompanharam, justificaram e enquadraram a ação dos poderes públicos nas primeiras favelas até os dias de hoje. (Leia a entrevista feita com o autor pela Editora PUC-Rio)

A propaganda brasileira depois de Washington Olivetto: A partir de um estudo acerca das campanhas de Olivetto, João Renha propõe desvendar a faceta criativa do renomado publicitário. (Leia a entrevista feita com o autor pela Editora PUC-Rio)

História da África Contemporânea: Os três autores responsáveis pela obra, Maurício Prada, Murilo Meihy e Pablo Mattos, analisam as especificidades históricas da geopolítica africana ao longo dos séculos XIX e XX.

A fartura de títulos se estende à programação desta 16ª Bienal, que acolhe uma série de mesas-redondas, oficinas e homenagens. Nesta sexta, às 17h30, no Café Literário, a escritora e professora da PUC-Rio Clarisse Fukelman vai mediar um debate sobre sabedoria e amor com o autor do livro Do que riem as pessoas inteligentes, Manfred Geier, a doutora em filosofia Marcia Tiburi e a autora Andrea Del Fiego, que em 2011 recebeu o Prêmio José Saramago por seu primeiro romance, Os Malaquias

– Vamos tocar em alguns aspectos da sabedoria e do amor. Vou ter que me dividir provocando os participantes naquilo que eles são especialistas – adianta Clarisse.

Outras mesas aguardadas do Café Literário são, por exemplo, a referente às "novas definições do leitor", com Matthew Quick, Flavio Carneiro e Socorro Aciolly e mediação de Henrique Rodrigues, no sábado (31), às 14h; e que mergulha na memória dos livros à luz das três décadas de Bienal, com Ruy Castro, Tania Zagury, Ferreira Gullar, Beatriz Resende e mediação de Ítalo Moriconi, no domingo, 1º de setembro, às 20h.

Já na série Mulher e Ponto, um dos destaque é a mesa que aborda "as vozes femininas do outro lado do Atlântico", com Mia Couto, Paulo Lins e Flávia Oliveira, programada para sábado (31), às 19h30. Até o futebol se curva ao campo dos livros: na série Placar Literário, o jornalista organiza tabelinhas entre craques da literatura e do meio acadêmico com o mundo da bola. No sábado, às 18h30, a mediadora Paula Freitas toca de primeira para Hélio de La Peña e Sérgio Rodrigues trocarem figuras acerca de romances esportivos. Na terça (3), os professores Muniz Sodré e Ronaldo Helal, com mediação do jornalista Vitor Iório, fazem um bate-bola sobre o futebol.

Na escalação de autores consagrados, vestem a camisa 10 desta Bienal o moçambinano Mia Couto, vencedor do Prêmio Camões deste ano; o americano Matthew Quick, autor de O lado bom da vida (Intrínseca); e o jornalista Laurentino Gomes, que lança 1889 (Globo Livros). Temperam um cardápio que tende a contrariar os números atrofiados da economia às voltas com a inflação e o real em baixa, e a confirmar a expectativa de um público recorde, acima de 650 mil visitantes. Justificam a convicção de Fernando Sá: mais do que comércio, o vasto jardim de livros é uma oportunidade pródiga de diálogo entre escritores, editores e a sociedade.    

Leia também: Ampliação da oferta de livros digitais inibiria pirataria, apostam editores

 

XVI Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro:

Riocentro:
Av. Salvador Allende, 6.555 (Barra da Tijuca). 

Horário:
Dia 29 de Agosto: 13h às 22h. 
Dias de semana: 9h às 22h. 
Fins de semana: 10h às 22h. 

Entrada:
R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia).