“Eu vou ultrapassar aquele ... que está na minha frente”. Assim Roberto DaMatta resumiu o caráter dos brasileiros ao volante, na palestra “Reflexões sobre trânsito e comportamento”, em 30 de setembro. Para o antropólogo e professor da PUC-Rio, a selva de pára-choques e buzinas sintetiza a distância entre o discurso politicamente correto e a prática:
– A sociedade não se prepara para o que ela constrói. Na hora de fazer a receita, fazemos sempre para o outro. Falamos sempre em igualdade. Mas queremos ao mesmo tempo privilégios. Num ambiente onde todos são iguais, como nas ruas, o brasileiro se irrita e não enxerga o outro.
Para DaMatta, a sociedade brasileira confunde respeitar com obedecer. Este equívoco, argumenta o antropólogo, cultiva o “famoso jeitinho brasileiro” e o “você sabe com quem você está falando?”, refletidos no trânsito.
– Desde pequeno a criança aprende que não pode fazer tal coisa porque vai deixar a mamãe brava. É diferente de dizer que a criança fez algo errado. Só quando entendermos que as leis são para todos começaremos a viver em sociedade – ressaltou.
DaMatta observou ainda que a lei seca alcançou um grande espaço de discussão porque “fere o comportamento da classe média”.
– Se a lei limitasse bebida para traficantes, travestis e prostitutas não haveria tamanha repercussão – ponderou.
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