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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


Ciência e Tecnologia

Novas tecnologias para reduzir impacto climático

José Augusto Martini - Do Portal

22/09/2008

 Paula Giolito

Apesar da necessidade de investimentos em energia limpa para combater o aquecimento global, nada indica que os combustíveis fósseis deixarão de ser a matriz energética mundial pelos próximos trinta anos. Para discutir o desenvolvimento de tecnologias para reduzir o impacto das mudanças climáticas, o Centro Técnico Científico da PUC-Rio promoveu o workshop “Tecnologias Sustentáveis para Mitigação de Mudanças Climáticas”. Além dos pesquisadores da universidade, representantes da Petrobras e do Sintef Group – maior organização independente de pesquisa da Escandinávia – estiveram presentes. “A Noruega deu o primeiro passo na pesquisa e desenvolvimento de CCS (captura e armazenamento de CO2, em inglês).Espero ver o Brasil integrado na pesquisa”, afirmou o presidente da Sintef, Sverre Aam.

Além de contar com representação no Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC), a PUC integra a “Rede Temática de Seqüestro de Carbono e Mudanças Climáticas” da Petrobras, que também é responsável pela criação do “Programa Tecnológico de Mitigação de Mudanças Climáticas” (PROCLIMA). Os principais objetivos do programa, relacionados ao seqüestro de carbono, são desenvolver tecnologias para reduzir o custo da captura em até 50%, análise de risco, e certificação do armazenamento com segurança.

Para a coordenadora do PROCLIMA e da Rede Temática, Thaís Murce, o grande desafio na captura de carbono é o custo. “Para se sustentar deve ser economicamente viável e temos investido muito em novas tecnologias, mas faltam instituições nacionais”, falou Murce em sua apresentação no workshop.

O conceito de seqüestro de carbono foi consagrado pela Conferência de Kyoto, em 1997, com a finalidade de conter e reverter o acúmulo de CO2 na atmosfera. O processo consiste na captura e estocagem segura de gás carbônico, evitando sua emissão e permanência na atmosfera terrestre. O pesquisador do Sintef Pretoleum Research, Idar Akervoll, falou da necessidade de se encontrar locais seguros para o armazenamento permanente de CO2.

A formação Utsira é o principal lençol freático da Noruega e tem recebido com sucesso o estoque do gás. “Temos feitos simulações históricas, medido a qualidade e a segurança nos locais de armazenamento com programas de monitoramento que envolvem até sismógrafos”, explicou o pesquisador.

Para o professor de Engenharia Mecânica da PUC-Rio Marcos Sebastião Gomes, o maior desafio do CCS é o alto custo. Quanto mais aumentar o preço do combustível, mais caro fica o processo. Ele explicou que, entre capturar e estocar, o CO2 deve ser separado de outras moléculas, comprimido e transportado, o que aumenta os custos. O professor diz considerar o CCS apenas uma opção extra para resolver o problema da alta concentração de CO2 na atmosfera e prevê ainda que o próximo combustível utilizado será o Hidrogênio.

Eurípedes Vargas professor de Engenharia Civil da PUC-Rio, apresentou os principais objetivos da universidade para o aperfeiçoamento do CCS. Ele pretende criar grupos que estudem e desenvolvam ferramentas experimentais em colaboração com a Petrobras. Através dos grupos, seriam elaborados programas computacionais que construiriam cenários de reservatórios simples e complexos, para simular as reações da atmosfera caso tais reservatórios vazassem e fosse liberado CO2 na forma líquida para a superfície. Ele acredita que ainda há muita pesquisa a ser feita sobre o CCS e considera a universidade o melhor lugar para se desenvolver tais pesquisas.

Marcelo Tílio pesquisador e coordenador do Tecgraf da PUC-Rio (Sistemas computacionais gráficos), a ponte entre a indústria e a universidade, pretende adaptar o sistema que a Tecgraf criou para o controle de risco do CCS, com o objetivo de dar melhor acessibilidade a verificação de um possível problema na concentração de CO2 no subsolo.

A abertura do workshop foi feita pelo vice-reitor da PUC-Rio, Pe. Josafá Carlos de Siqueira, que ressaltou a importância do evento: "É mais uma iniciativa para dar continuidade aos projetos que já foram apresentados pela PUC-Rio no setor do meio ambiente e da sustentabilidade, e mostrar que a universidade trabalha com a consciência ambiental.".

Gisele Tonietto do Departamento de Química, uma das coordenadoras do evento, conta que o objetivo principal do workshop foi fazer uma troca entre os projetos da PUC-Rio e os de empresas externas, trazendo para dentro da universidade os interesses da indústria.  "Nós aprendemos com eles e eles aprendem conosco. É uma troca mútua de conhecimentos adquiridos para o melhor desempenho dos projetos elaborados para estabilizar as concentrações de CO2 e reduzir mudanças perigosas no sistema climático.", diz ela.

Eloi Fernandes y Fernandes, professor da PUC-Rio, discutiu o tema "Panorama dos cenários da oferta de energia no mundo e no Brasil" e explicou os diferentes tipos de matérias primas para a produção de energia renováveis, que, segundo ele, cobrirão as futuras crises de petróleo.