Artur Romeu e Tatiana Carvalho - Do Portal
19/09/2008O debate com candidatos a prefeito do Rio, na quarta-feira, 18 de setembro, lotou os Pilotis do Edifício da Amizade. Cerca de 400 pessoas – alunos, na maioria – acompanharam as propostas, críticas e promessas de Chico Alencar (PSOL/PSTU), Paulo Ramos (PDT), Gabeira (PV/PSDB/PPS) e Alessandro Molon (PT). Responderam a perguntas do público, grande parte delas sobre desigualdade social, segurança e participação da sociedade em programas do poder público. A degradação da política municipal, a falta de transparência em obras públicas e os candidatos ausentes foram os principais alvos dos concorrentes à sucessão de Cesar Maia.
Chico Alencar atacou a construção da Cidade da Música, na Barra, que consumiu aproximadamente R$ 500 milhões dos cofres públicos. “Será necessário abrir um inquérito para apurar se a obra foi superfaturada”, criticou o candidato do PSOL. Alencar lembrou a necessidade de controlar os gastos públicos:
– Reduzir gastos significa não gastar errado. Se eleito, garanto transparência nas contas, como venho fazendo na minha campanha.
O deputado Paulo Ramos acrescentou que a proposta de construção de uma linha de trem rápido, ligando o Rio à São Paulo, reforçaria a lista de maus investimentos do governo:
– Esse projeto está orçado em R$ 18 bilhões, o suficiente para resolver os problemas viários da cidade. É mais um sinal de que o dinheiro existe, mas falta competência administrativa.
Gabeira mostrou um tom conciliador. Aplaudido por estudantes, ele ressaltou a necessidade de parcerias entre as iniciativas pública e privada para aumentar os investimentos no Rio:
– Darei incentivos aos empresários que quiserem investir na cidade – prometeu – Proponho parcerias para que a máquina pública se desafogue e o Rio possa crescer com mais sustentabilidade.
O candidato do PT, Alessandro Molon, aposta no aperfeiçoamento de serviços e infra-estrutura necessário para sustentar a ambição de sediar as Olimpíadas de 2016. Sua fonte de inspiração é a capital inglesa:
– Pretendo seguir um plano parecido com o que foi feito em Londres. Eles investiram em áreas da cidade que tinham pouca visibilidade e infra-estrutura. É importante mostrar para o Comitê Olímpico o que os Jogos podem fazer pela cidade.
Para o transporte, a aposta de Molon chama-se Veículo Leve sob Trilhos (VLT), que diminuiria “o caos nas ruas” e “ajudaria a acabar com o monopólio das empresas de ônibus”. Embora seja por lei uma atribuição preponderante do governo estadual, a segurança pública também ocupou um lugar de destaque no debate. Chico Alencar apontou “mau uso das forças policiais” e propôs o aprimoramento dos mecanismos de segurança para reduzir as desigualdades sociais:
– Vou viabilizar o Programa Nacional de Segurança e Cidadania (Pronasci). A população deve viver com mais dignidade.
Gabeira reforçou o discurso de combate à desigualdade: “O Rio de Janeiro não é maravilhoso para todos. Para muitos é um pesadelo. Tenho visitado, na campanha, áreas que sofrem com terríveis problemas”. Para resolvê-los, admitiu o candidto, é preciso um trabalho de longo prazo:
– Em quatro anos ninguém consegue mudar totalmente esse quadro. Mas, se eleito, assumo o compromisso de começar a mudar essa realidade.
No debate sobre educação, Paulo Ramos revelou-se o crítico mais austero. Chamou de “crime” as aprovações automáticas nas escolas. E propôs horário integral e mais atividades esportivas e culturais para o ensino. Ao fim do debate, ele se disse discriminado por uma "mídia corrupta, compra os institutos de pesquisas". O candidato PDT que tem 1% das intenções de voto, segundo o Ibope.
Corrida eleitoral
Confira abaixo as respectivas intenções de voto apontadas pela pesquisa do DataFolha, divulgada em 12 de setembro. A margem de erro é de 3%:
Eduardo Paes (PMDB): 26%
Marcelo Crivella (PRB): 18%
Jandira Feghali (PC do B): 13%
Fernando Gabeira (PV): 11%
Solange Amaral (DEM): 5%
Alessandro Molon (PT): 4%
Chico Alencar (PSOL): 3%
Paulo Ramos (PDT): 2%
Eduardo Serra (PCB), Filipe Ferreira (PSC): 1% cada
Antonio Carlos (PCO) e Vinicius Cordeiro (PTdoB): 0%
Não sabem ou não responderam 6%
Os votos brancos e nulos somam 11%
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