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Rio de Janeiro, 27 de julho de 2024


Cultura

Livros mergulham na vida e na obra do grande escritor

Paula Giolito e Tatiana Faveret - Do Portal

18/12/2008

 Paula Giolito


Machado de Assis (1908-2008), autor:Júlio Diniz

  

No Ano Nacional de Machado de Assis, a Editora PUC-Rio publicou vários livros com histórias sobre e do escritor. Desta série fazem parte “Onze Anos de Correspondência: Os Machados de Assis”, da professora Maria Cristina Ribas; “Contos de Machado de Assis: relicários e raisonnés”, de Mauro Rosso (veja a reportagem na TV); o recém-lançado "Machado de Assis (1908-2008)", organizado por Júlio Diniz, além de “Quem é Capitu?”, coletânea de artigos da qual participam os professores Roberto DaMatta e Carla Rodrigues.

 

Como uma última homenagem ao centenário do grande mestre da literatura brasileira, o Departamento de Letras em parceria com o Globo Universidade lançou em dezembro o livro "Machado de Assis (1908-2008)”. A publicação é uma extensão do Seminário Machado de Assis (1908-2008) realizado nos dias 3, 4 e 5 de setembro, e  reúne nove ensaios escritos pelos conferencistas presentes na ocasião. Resultado do encontro entre professores, críticos literários, pesquisadores e intelectuais, o volume traz críticas sobre a obra, as idéias e o papel do escritor na cultura brasileira.  

 

Os ensaios foram escritos por personalidades como a acadêmica Nélida Piñon, a mestra em Literatura Portuguesa Cleonice Berardinelli, o diretor de televisão Luiz Fernando Carvalho e o crítico Silviano Santiago, e levantam questões e interpretações sobre a literatura machadiana.

 

Os textos publicados têm como eixo central o diálogo entre a produção machadiana e questões discutidas na atualidade. Para Júlio Diniz, diretor do departamento de Letras, o livro não é apenas uma forma de homenagear Machado, mas também trazê-lo ao presente. “Com a publicação dos ensaios, queríamos não só homenageá-lo, mas trazer as questões por ele levantadas para a contemporaneidade”, avalia. Estas questões são vistas por Diniz como atuais para aquela época. “Machado levantou situações que hoje ainda estão em voga”, conclui.

 

Outra homenagem prestada ao escritor é o livro “Onze Anos de Correspondência: Os Machados de Assis”, de Maria Cristina Ribas, professora do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio. Há oito anos a professora foi indicada pela universidade para o Centro de Memórias da Academia Brasileira de Letras (ABL) a fim de analisar o arquivo Machado de Assis. O objetivo era avaliar o que poderia ser feito para valorizar o material. A pesquisa, fruto do convênio da ABL com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), resultou no livro que conta uma parte da vida do escritor. Maria Cristina vai autografar "Onze anos de correspondência" no próximo dia 13, na Livraria Timbre, no Shopping da Gávea.

 

Durante três meses, ela leu tudo que encontrou no local, desde bulas de remédio até as cartas do autor durante seus onze anos de presidência na ABL, e foi este o material que decidiu  usar como base para escrever o seu livro. Como não encontrou o que esperava na correspondência do autor, Maria Cristina resolveu interpretar as cartas de Machado aos seus amigos e à sua esposa, Carolina, “do avesso”:

 

 - Eu pegava as coisas que o Machado não dizia e anotava esses silêncios e suas negativas. Anotava também as coisas que estariam implícitas ou pressupostas, por exemplo, acredita-se que ele estava dizendo isso quando dizia outra coisa, contou a professora.

 

Maria Cristina não deixou de mencionar assuntos como amor e a epilepsia de Machado, que foi tema de muitas das suas cartas. Ela explica que na época a doença era conhecida como um tipo de deficiência mental, então as pessoas não assumiam que sofriam do mal. Mesmo vítima desta doença e das outras conseqüentes desta, ele nunca deixou de trabalhar. Como exemplo, ela cita o caso que estava relatado em uma carta de Machado ao seu amigo Magalhães de Azeredo. Enquanto escrevia "Memórias Póstumas de Brás Cubas", Machado teve retinite - uma inflamação das retinas.

 

- Ele não podia ler nem escrever por ordem médica. O livro estava todo vindo na mente, e ele o ditou inteiro para Carolina, que foi quem escreveu, contou Maria Cristina.

 

 A professora fez questão de digitalizar uma das cartas e colocar no livro para que os leitores sintam a mesma emoção que ela quando virem as letras trêmulas de Machado. "Onze Anos de Correspondência: os Machados de Assis" foi lançado pelas editoras PUC-Rio e 7 Letras em setembro.