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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Cultura

Um ator à espera da felicidade

Nathalia Fernandes - Da sala de aula

25/09/2008

Entrar para o teatro foi uma recomendação médica. O menino tímido precisava tratar de uma distração excessiva. A mãe, a cantora Olívia Byington, decidiu colocá-lo no Tablado, de onde ele nunca mais saiu. Hoje, aos 22 anos, Gregório Duvivier faz deste remédio a sua profissão e é considerado uma das novas caras do humor brasileiro.

A carreira começou a despontar com a peça “Z.É – Zenas Emprovisadas”, que estreou em 2003 e teve sua décima terceira temporada em maio deste ano. Os fãs do espetáculo formado por Gregório e os amigos Marcelo Adnet, Fernando Caruso e Rafael Queiroga podem respirar aliviados: a peça volta aos palcos cariocas em outubro no Vivo Rio. “O Z.É. é um projeto de vida. Estamos em recesso para voltar com força total”, afirma.

O jovem ator tem orgulho do trabalho que realiza ao lado dos três amigos e se sente surpreso com o reconhecimento. “A idéia do Z.É. era exatamente fazer o que a gente mais gostava: ter aula no Tablado, improvisar e brincar. Nunca pensei que isso pudesse agradar tanto as pessoas. É muito bom ver que esse prazer é recíproco. Se não fosse o Tablado, com certeza eu não teria entrada para o teatro. E se não fosse o Z.É., com certeza não teria me tornado um profissional”, diz ele.

Em 2004, o grupo teve este reconhecimento reafirmado quando faturou o Prêmio Shell na categoria especial. Com o sucesso de Z.É., muitas portas se abriram para Gregório, que participou da série do canal HBO e integrou o elenco de “O Sistema”, da TV Globo, onde viveu o estiloso Avenarius. Gregório foi o escolhido entre os 50 atores que fizeram o teste e trabalhou com um velho conhecido, o diretor José Lavigne. “Ele já tinha me dirigido no teatro quando eu tinha 15 anos e nos tornamos amigos. Foi uma experiência maravilhosa. Trabalhei com pessoas oriundas do teatro e que eu admiro muito, como o Selton Mello e a Graziella Moretto, que é uma das melhores comediantes do Brasil. Além disso, foi um programa completamente diferente do que se vê na Globo”.

Atualmente, Gregório e os companheiros de Z.É. estão em cartaz com a comédia “Advocacia segundo os irmãos Marx”, ao lado de Heloísa Périssé e Roberto Guilherme (o inesquecível sargento Pincel).

O ator estreou no cinema em 2007 no filme “Podecrer”, que fala da vida de um grupo de amigos na década de 1980. Em janeiro, filmou nos pilotis da PUC o longa “Apenas o fim”, dirigido pelo aluno do 5° período de Cinema da PUC, Matheus Souza. O filme conta a história do casal Antônio (Gregório Duvivier) e Adriana, vivida pela atriz e aluna do 6º período de História, Érika Mader. O ator já trabalhou com Érika em “Podecrer” e conheceu Matheus no Tablado.

“Foi um trabalho maravilhoso de fazer. O Mateus é um cara muito inteligente. Ele escreveu um longa sozinho, fez o roteiro, correu atrás de patrocínio e conseguiu, chamou uma galera para fazer todo mundo topou. O resultado foi um longa-metragem feito em menos de 15 dias, com um orçamento baixíssimo. E ele só tem 20 anos. É um exemplo para todo mundo que quer fazer cinema”, diz.

Recentemente participou de outros dois filmes que não tem data para estrear, “Á deriva”, de Heitor Dhalia e “Mulher Invisível”, de Claudio Torres. Além de trabalhar como ator, Gregório é aluno de Letras na PUC-Rio. Para ele, a faculdade só complementou a carreira. Depois de formado, ele pretende fazer mestrado. “Eu achei que a faculdade de Letras ia me trazer algo a mais, algo que eu não estava tendo só com o teatro. E realmente foi muito bom. Aqui na PUC eu tive aulas maravilhosa, que me esclareceram muito, até como ator”. Gregório é um dos alunos que assinam o jornal de literatura e poesia “Plástico Bolha”.

Para Gregório, a falta de hábito de ir ao teatro é a principal dificuldade da profissão. Em todas as temporadas de Z.É., os integrantes incentivaram o público a assistir outras peças. “Ao mesmo tempo em que queremos formar o nosso público, a gente quer formar um público que vai ao teatro”. Sobre os planos para o futuro, Gregório é enfático: “Quero apenas estar feliz”.