Abecine
Olivia Haiad
11/09/2004
Luz, câmera, ação. Para os alunos da PUC-Rio, fazer cinema já é uma realidade desde 2004. O Prêmio ABC de Cinematografia 2008, organizado pela Associação Brasileira de Cinematografia, dicutiu em painel com representantes dos cursos de cinema da PUC, Estácio de Sá, UFF e FACHA , qual a importância da produção de filmes universitários. Como é o ensino, as disciplinas e as prioridades de cada universidade?
“Estamos alfabetizando os alunos, que chegam sem saber o que é diafragma, lente etc.”, afirmou Marcelo Taranto, professor da PUC-Rio. Para ele, o curso ainda dá os primeiros passos, mas seu destino final é a excelência. Equívocos como a falta de um produtor de elenco nos projetos dos alunos, já foram suprimidos.
- Era inviável um aluno de 20 anos fazer papel de 45 – ressalta.
Professor da cadeira Projeto de Filme 2, na qual alunos criam curtas de ficção, e Direção em Fotografia, Taranto declara-se satisfeito com o trabalho feito na PUC. Para ele, o fato de cada filme receber 4.000 mil reais, uma câmera modelo HVX completa, som digital, eletricista, produtor de elenco, entre outros, é essencial.
- Sempre tive um sonho antigo de ter uma escola de cinema, e acho que a PUC está me proporcionando isso – declara.
Os outros representates que compunham a mesa eram: Márcio Riscado da FACHA, Inês Aisengart da UFF, Breno Lira da Estácio, e Ziza Dourado da Escola de Cinema Darcy Ribeiro (ECDR). Cada um teve cerca de meia hora para falar. Riscado, formado pela PUC, disse acreditar que daqui algum tempo a FACHA terá seu curso de cinema.
- Nossa especialização é na produção jornalística, voltada mais para responsabilidade social. Mas acredito que a habilitação em cinema chegará.
Representando a tradicional ECDR, Ziza falou sobre o fato da escola abrangir todas as classes sociais.
- Temos uma escola de cinema livre, com curso de duração de 1,5 anos, e na qual um terço das vagas são destinadas a instituições carentes – e completou criticando a sociedade contemporânea atual - Trabalhamos com a idéia de equipe, onde todos cooperam com o trabalho criativo um do outro. Isso vai contra o individualismo extremo de hoje.
Durante o painél, uma surpresa: Inês, representante da UFF, não é professora, tampouco ocupa algum cargo de chefia no curso. É ex-aluna.
- Fui aluna e vim para falar sobre a relação entre alunos e o curso, que tem uma autonomia muito grande – explica Inês, que tem pouca experiência em falar em público, mas muitas idéias na cabeça.
Para ela, o mais importante da UFF é a questão da livre-iniciativa. Projetos independentes dos alunos contam com total apoio da universidade, o que gera uma produção vasta e interessante. Porém, há problemas: ausência de material em bom estado e falta de preservação do acervo.
- As câmeras não têm manutenção constante, a parte de tecnologia digital está defasada e não temos previsão de material novo. Além disso, os filmes do nosso acervo têm sofrido as conseqüências do tempo pela falta de preservação.
Lira, há 4 anos supervisor da distribuição dos filmes dos alunos e coordenador da sala de projeção da Estácio, remete a denuncia de Inês ressaltando que sua universaidade terá disciplina de preservação de acervo no novo currículo.
- Queremos ter um profissional apto para esse trabalho quando sair da universidade.
Todos os representantes falaram sobre a necessidade que os alunos têm, logo ao entrarem no curso, de pegarem na câmera. E também sobre a questão do “meu filme”, na qual todos sonham em ser os diretores de seus projetos, e esquecem a importância que as outras funções, não tão glamourosas porém indispensáveis, têm. Com ou sem glamour, ser cineasta envolve, além da criatividade, técnica e muito estudo.